Lisboa,

sexta-feira, setembro 30, 2005

olá, amigo!


Hoje, vais partilhar este espaço com uma figura que muito admiraste!
Um nome que sobressaíu imediatamente, logo ao primeiro filme, deslumbrando os amantes do cinema daqueles tempos.
James Dean morreu aos 24 anos.
Faz hoje meio século, a 30 de Setembro de 1955, deixava esta vida, vítima dum acidente de automóvel.
Protagonizou apenas três filmes e qualquer um deles ficou para sempre na memória do cinéfilo mais comum.
Nascera a 8 de Fevereiro de 1931, no Estado de Indiana, USA, com o nome de James Byron Dean e teve a infelicidade de perder a mãe quando tinha apenas sete anos de idade.
Naquele dia fatídico, quando dirigia o seu Porsche 550 Spyder rumo a Salinas, onde iria participar numa corrida, um acidente fatal colocou um ponto final numa promissora carreira que se antevia brilhante, dadas as interpretações que imprimira nos três filmes em que participara.
"A leste do paraíso", de Elia Kazan, projectou-o para a fama, naquele ano de 1955.
Logo a seguir, Nicholas Ray dirigiu-o em "Fúria de viver", e meses depois, James Dean despediu-se do cinema poucas semanas depois de concluir "O Gigante", de George Stevens.
Não chegou a ver-se na tela nos dois últimos filmes e foi o único homem na história a receber duas indicações póstumas consecutivas para o Oscar de melhor actor.
Meio século depois da sua morte, James Dean, apenas com três filmes na sua carreira, continua a ser lembrado como se fosse ontem.

quinta-feira, setembro 29, 2005

este dia 29

O olhar da felicidade
descobre-nos
nos mais pequenos gestos.
Foi um dia especial, sim!
A Maria dos Anjos e o Armindo
estavam connosco!

amor, palavras... e felicidade!



É difícil definir a felicidade!

E como em tudo na vida,
só conhecendo o seu oposto
valorizamos o que se procura.

A verdade sublime diz-nos que
a felicidade não se constrói
com aquilo que temos,
mas com aquilo que somos.

Este dia 29 é, para mim, data e símbolo
dum sonho procurado e conseguido
por entre ruelas e avenidas.

Por isso é simples, robusto e quente.

terça-feira, setembro 27, 2005

imaginemos...


"Imaginemos uma inteligência que conhecesse num dado instante do tempo todas as forças que actuam na Natureza e a posição de todas as coisas que constituem o mundo; suponhamos ainda que essa inteligência era capaz de submeter todos esses dados a uma análise matemática.

Em seguida, conseguiria tirar um resultado que abarcaria em uma e a mesma fórmula o movimento dos corpos maiores do universo e dos átomos mais leves.

Nada seria incerto para esta inteligência. Aos seus olhos, o passado e o futuro seriam presente."


(Pierre-Simon Laplace in Teoria da Probabilidade, 1812)

sábado, setembro 24, 2005

pode?...

Pode a consciência aperceber-se que um tremor suave se apodera do corpo que transporta?
Pode uma branda tontura criar um misto de receio e inquietação contido a custo?
Pode o todo dos nossos sentidos dar-se conta que algo suave nos vai roubando lentamente a realidade que, pouco antes, era cor consistente aos nossos olhos?
Pode a sensação de bem-estar, a tranquilidade de ser, a alegria de ter, pode tudo isto perder fugor, diluir-se devagar, desvanecer-se lentamente, inesperadamente?
Pode a "vida" começar a "ir-se" lentamente, como se o peito doesse brandamente, e as coisas fossem empalidecendo, as pessoas próximas se tornassem mais/menos importantes, e a nossa mente questione, recuse, receie, abrande, aceite, renuncie?
Pode a realidade desvanecer-se, segundo a segundo, dissolver-se, esmaecer, e, segundos depois, reaparecer lentamente noutras formas, noutros rostos, noutros planos?
Pode a consciência acompanhar, num misto de tranquilidade e paz, uma alteração da realidade que concebemos e onde estamos?
Sem dores nem danos nem conflitos nem recriminações?...
Apenas no suave receio do que é, do que será?...
Apenas com a necessidade de abraçar, em silêncio, a pessoa que se ama?...
Apenas com o instinto de segurar-lhe a mão... e esperar?...


quinta-feira, setembro 22, 2005

devagar

Ontem, o universo teimou, por momentos, em fluir ligeiramente por mim.
Como se alguma coisa fosse acontecer devagar...

Hoje, o dia brotou azul, quente e magnificente.
Um começo de Outono bonito... mas sem indícios da chuva que o País precisa...


terça-feira, setembro 20, 2005

Setembro o dia 10

Durante catorze dias fui o rosto do que não sou!
Corri por areias cintilantes, sonhei acordado por mares de espuma revolta, bebi o ar de noites escuras, escutei o quê e o porquê - e encontrei-me, finalmente, na paz do que sou.
Toquei-Lhe a mão, ouvi-Lhe o sussurro, falei-Lhe as palavras que não eram minhas.
O dia 10 de Setembro riscou os céus, abriu o universo e destapou um vale infindo, onde tudo era simples e sereno.
Pousei o que era meu e volvi com a alegria de ser.
O caminho é um berço, rosado com vidas cheias, entapetado, multicolorido, alegremente surpreso. Sou nele.



Tens a ternura sem fim
Tens a vida da minha vida
Enches saliva de mim
Cheia de mar expandida




Já uno e desenfeitiçado
Despertei do meu torpor
Por dentro do céu nublado
Reacendi uma chama d' amor.



Sou um mundo em frenesim
Sou rodar esbraseante
Dum galope que não tem fim
Deste dia pra diante


Sou com Deus em cada lado
Sou uma forma de ser
Tanto amor que ao fim e ao cabo
Nunca mais te vou perder.

(Amaral Nascimento)

sábado, setembro 17, 2005

a corda que puxa a rede


É assim que o homem arranca do mar o sustento para si e para os seus...
Nas praias da Costa da Caparica e por muitas outras do nosso litoral...

sexta-feira, setembro 16, 2005

arenas que não somos


Quando o touro se virou e exibiu o corpo negro, escorrido do sangue dos ferros cravados, vi-Te na expressão repartida pela dor e pelo espanto, no ronco repetido e no olhar sombrio que toda a arena aplaudia.
Encontrei-Te num sentimento que reprimi, num esgar triste mal contido.
Como O crucificado, repetiste ali o poder de Quem És, na forma mais humilde e conhecedora de saber criar o sublime, nos gestos humanos mais básicos.

quarta-feira, setembro 14, 2005

nada se perde

Não fiques triste
porque não conseguiste
fixar ou escrever
a frase ou o poema
que te veio ao pensamento.

Dos teus pensamentos
nada se perde.

Algures,
numa internet cósmica,
tê-los-às gravados
no mais rico disco dourado.


(Amaral Nascimento)

terça-feira, setembro 13, 2005

também sou Eu

Não poderás fugir!
Estarei sempre à tua frente
e nas pegadas
atrás de ti.

O borbulhar da espuma
que se vai escapando
da areia molhada
também sou Eu!

segunda-feira, setembro 12, 2005

vou fugir

Vou fugir!
Buscar a solidão
que não doa,
onde te encontres
em cada dia,
moldado em cada forma,
em cada momento.

Vou fugir!
P'ra longe da vida,
para onde a vida
tem outra vida!

Com o medo por companheiro
e onde a multidão
sejas só Tu,
agigantando-me, primeiro,
para, logo,
ir ter Contigo!


(Amaral Nascimento)

domingo, setembro 11, 2005

chama apagada

Apagou-se a chama,
ficou o sorriso,
quente e silencioso,
que suportava
a pequenina vela.

Como se nada pudesse voltar a ser,
se outra chama não voltar a brilhar.


(Amaral Nascimento)

sábado, setembro 10, 2005

no limiar

Já vou querendo tocar a consciência que não desejaria perder.
Nem nos momentos tranquilos de hoje nem, principalmente, nos desconhecidos instantes finais inevitáveis. Quereria manter essa consciência viva, entendedora, quando sentisse outra realidade aproximar-se.
Sei o que sei. Esqueci outro tanto. Mas na quietude do tesouro amealhado, quero sentir-me pronto para enxergar o que pode ser nada, mas anseio que seja grandioso.
Gostaria de estar alerta e calmo, sem receios, sem mágoas, sem culpas. Poder confiar e aceitar em delírio, tocar e sentir, entrechocar-me no encontro dum novo mundo.
Só consciente e calmo, poderei caprichar e experimentar a luz da união, quando o caminho se abrir, quando calcorrear lugares estreitos e iluminados, quando largar o pensamento e, desdobrado milhões de vezes, ele alcançar o sinal, o foco, o princípio, o tudo, a magia de ser eu no meu encontro comigo.

sê tranquilo

Hoje, não vou falar contigo!

Vou estar dentro de ti
p'ra te acalmar
e sentires a paz
mais facilmente
e com outra consciência!

Sê tranquilo!


(Amaral Nascimento)

chama

Tornarei breve
com a chama
que sacode o ar
e me ensina
a entrar na luz
que ela imita
no seu vai-vém
límpido e sereno.

Tornarei no seu bailado
gostoso, morno, silencioso.

Tornarei feliz
se o aqui deixar,
e o corredor estreito
me iluminar
uma chama
parecida com esta.


(Amaral Nascimento)

sexta-feira, setembro 09, 2005

vi o amor

Nada é mais importante que o amor.
Sente-se na solidão dos segundos;
Cheira-se no ar que nos evita;
Vê-se na neblina que nos envolve.
O amor que perdemos gela-nos a razão
e empareda emoções e sentimentos.
Vi o amor,
apostei no amor,
esvai-me no amor.
Cobri-me de amor no coração de instantes fugazes.
Todos juntos, moldamos o tapete da felicidade buscada.
O universo quedou-se mudo
e tornou real a ilusão.
Depois, despertou do miolo dos céus
e criou a gota do "impossível".
As cores cruzaram-se numa só
e desviaram a rota do inimaginário.
O instante parou no tempo relativo
e o hiato desnudou o vazio
que o amor enchia de venturas.
Caí nesse vazio, até perceber que estava só.
Sem verdades nem fés.
Sozinho, sem sonhos,
longe do tempo que se prolongou fugidiamente.
Busquei o mar,
busquei o Deus da quietude,
busquei compreender a espaços.
Espaços que, um por um,
formam puzzles aqui e acolá,
desfazados uns,
quase coerentes outros.
Espaços preenchidos na roda da vida.

como chumbo

O peito pesa como chumbo
quando o coração se enche de solidão
e da tristeza mais triste!...

quinta-feira, setembro 08, 2005

outra realidade

Tão grande é a tristeza
que me enche
em cada instante,
que quase parece
que a realidade
de agora
se vai desprender
e mudar.

Como se as coisas que vejo
se tornassem outras,
e as pessoas que amo
já não existam,
e outras
estejam agora nos seus lugares.


(Amaral Nascimento)

soldado

Pelas farripas
do nevoeiro
vi-te soldado,
resoluto,
queimado,
brandindo a espada,
firme,
brilhante.

Olhaste,
fixaste,
e quando o chão se abriu,
tomei-te nos braços,
e desapareci
na explosão do brilho
do teu gesto fatal.


(Amaral Nascimento)

14 dias

Catorze dias no desconforto da solidão.
Solidão de estar, solidão de ser,
ausência do calor
que aconchega o desejo e a paz.
Quiz ser o que sou
e o que não sou.
Sem nada para dar,
na ilusão da necessidade
que se faz real.
Cheio do tudo que por mim transborda,
fui árvore sem fruto para oferecer.
Do agora,
retiro o suspiro
da voz que não ouço.
Gritei surdamente por ti
mas não respondeste!
Fora de mim,
ocupaste mares
com o sal como resposta.
Não sei se dentro da mente
consigo o retrato que me abafa.

Porque, lá fora,
o ruído não vem de ti nem de mim,
e eu sinto-me louco
de solidão.


(Amaral Nascimento)

quarta-feira, setembro 07, 2005

um dia

Um dia
sonharei
outros sonhos!...

quem não merecia

Onze dias passaram,
e nem uma palavra me enviaste!
Rumaste sem aviso,
com a bagagem cheia de ideias,
de propósitos, de decisões,
cimentadas com os teus
quês e porquês.
Sem aviso,
brandiste a espada
e foste decepar o sonho.
Sem apelo, sem dó,
sem a dúvida por detrás,
sem ouvidos ao lamento.

Da fúria do gesto respinga
o sangue de quem ama.
Espanta-se a pureza das amizades
de gentes que não mereciam.
Espanta-se a dor de quem escancarou a alma
e se entregou sem limite.
Espanta-se a memória de quem já partiu,
inconsolável pela perda d'algo
que defendeu como ninguém.

Partiste célere para destruir
o sonho!
Assim, no silêncio do poder,
reservaste para ti
o gesto e o porquê.

Onze dias sem o sonho,
no vazio da perda
do mais precioso.

Não se foi ouro nem prata.
Foi-se a alegria de estar.


(Amaral Nascimento)

sem ti

Passaram nove dias.
Nove dias morri
desta vida.

Arrancados pedaços de cores,
bocados de sons,
felizes, doces.

Fiquei mais pobre e mais frio.
Abafo o calor do que resta
no resto
que Deus habita.

(Amaral Nascimento)

terça-feira, setembro 06, 2005

uma dívida para convosco

Habituara-me a vir a este espaço todos os dias.
Para além duma necessidade, era um prazer. Durante meses, procurei que não me faltasse um texto, uma imagem, uma frase, uma recordação.
Quando comecei, não fazia ideia que iria encontrar pessoas que se interessassem e, muito menos, que se dessem ao trabalho de me comentar. Era um novato nesta atmosfera blogueira e desconhecia que "já começava a ser assim" nos outros blogues.
A minha prontidão e abertura para me tornar leitor e interessado no que se passava noutros "sítios" tornou-se expontânea, e comecei a achar que fazia parte da minha "obrigação" como ser humano que está integrado numa sociedade cada vez mais complicada e necessitada de evoluir colectivamente.
Foram muitos os amigos que "me apareceram", fiéis nos seus comentários, sinceros e encantadores nas suas opiniões.
Também eu procurei "visitar" tantos quantos podia, levando a minha mensagem que mais não era que a minha singela "ajuda" aos inúmeros desafios de análise que se me deparavam.

Um dia do mês de Julho tive que "suspender" tudo isto.
Como toda a gente tem "problemas pessoais", eu não poderia ser excepção. Procuro, em cada momento, distanciar-me da ilusão desta vida, às vezes conseguindo bem pouco, tal é a força desta "realidade". Sei o que sou na minha essência. Também sei que, a outro nível de consciência "me propuz" entrar nesta ilusão.
Deixei de poder vir ao meu PC, com a regularidade que me permitisse continuar a fazer o que me agradava fazer. Deixei de, na prática, poder ler e comentar os blogues habituais.
Sabia que um dia, encontradas soluções, poderia voltar...

Estas duas últimas semanas puseram à prova a minha resistência e a minha lucidez.
Sózinho, entre gente que se afogueava nos seus afazeres e prazeres das férias, aceitei a solidão por companheira e o passado como "revisão" das versões que tenho criado de mim.
Não alterei um milímetro dos conceitos que tinha sobre Deus e sobre a vida. Se tive "alguém" a meu lado, em horas, dias, muito difíceis, foi exactamente o Deus em que acredito. ESSE esteve sempre a meu lado, ou dentro de mim, numa disponibilidade total. "Deu-me" sempre o que lhe pedi! Outras vezes, nada Lhe pedia, vergado pelo peso duma tristeza que me deixava "sem vida", por ter sabido que fora destruído um sonho em que acreditava com toda a força.

O Deus do meu coração dar-me-à o que for melhor para mim!
Inspirou-me em escritos que tentarei reproduzir e deu-me, em muitas noites sem dormir, a paz e o sossego que tanto precisava...
Um dia, estaremos lá bem perto Dele, como seres de luz que somos, e, inocentemente, olharemos para trás, incrédulos, perante a consciência da grandeza do mundo belo que esta vida na terra não nos deixa adivinhar que existe!..