Lisboa,

segunda-feira, julho 31, 2006

regresso a Deus

"Regresso a Deus" é um hino à Vida!
Li-o, de ponta a ponta, e descobri nele as minhas fraquezas, as minhas angústias, a certeza de que jamais deixarei de Ser.
O "Regresso a Deus" não pode deixar ninguém indiferente. Juntos, lembramos o Amor, lembramos o Perdão, lembramos a Perfeição que nem sempre vemos em todos os momentos das nossas vidas.
O "Regresso a Deus" iluminou-me, como há muito não acontecia.
O "Regresso a Deus" é uma soma das páginas da minha vida!

quinta-feira, julho 27, 2006

não sei o que me trouxe aqui

O Sol espreguiça-se ao amanhecer
e sobe alto
aquecendo e iluminando o dia
mas os farrapos de uma nuvem mais teimosa
aliam-se à brisa que o rio vai suavizando.

Não sei o que me trouxe aqui
nem o que devo e que não devo.

Passam turistas, brincam pardais
num quadro de silêncio que me enche os sentidos.

Vazio, solidão, relva verde que secou.

Uma jovem oriental senta-se a meu lado,
sem que o pressinta.
Três minutos depois retira-se, sem uma palavra,
deixando ao meu redor
um pouco da sua energia retemperadora.

(Amaral Nascimento)

terça-feira, julho 25, 2006

a que foi a mulher-amor

O grito balbuciante
escoou de mansinho
por entre a neblina húmida
dum silêncio inquietante

Esfumava-se
a mulher-ternura,
a mulher-carinho,
a mulher-amor.

Despertou a mente adormecida,
e negando acreditar,
foi o coração a brandir a espada,
pra defender e lutar os dias de ontem.

De repente os céus baixaram
com doce aconchego,
desataram o nó que me prendia
à tristeza e desolução,
e estendeu-se num manto florido,
salpicado de serenidade e paz.

A luz raiou de novo
atapetando o caminho
de mil pétalas brancas e rosadas
cheias de verdades calmas.

Senti-me no colo morno
da tranquilidade que é do espírito,
p'ra ser hoje um ser d'agora
sem nenhum amanhã idealizado.

Esfumara-se
a mulher-ternura,
a mulher-carinho,
a mulher-amor.

(Amaral Nascimento)

sábado, julho 22, 2006

o teu investimento


Sempre disseste que te reformavas
para investires no nosso relacionamento.

Hoje, podes fazer um balanço
do "quanto" e "naquilo" que investiste,
porque vais ser suficientemente imparcial
nessa avaliação...

Pela minha parte,
acho que,
deixando tudo para trás,
dei-te tudo o que tinha,
ontem e sempre,
desde o primeiro olhar.

Estou-te grato
pela ternura,
pelo carinho,
pelo amor,
(os grandes objectivos que procurei na vida)
e que,
a espaços,
me deste a experimentar.

(Amaral Nascimento)

terça-feira, julho 18, 2006

o tempo

O tempo é um estado mental.
Faz parte da minha relação com tudo o que se passa ao meu redor.
O tempo faz acontecer a nossa percepção das coisas e suas consequências. Psicologicamente, o tempo dá sequência à relatividade com que apreendemos este mundo.
Tem um princípio e um fim "materializado" na nossa mente, alicerçado na velocidade variável dum pensamento ou dum sentimento.

Num desmaio que demora uns curtos segundos, podemos "viver" uma eternidade.
Podemos, até, ficar "presos" para sempre, na "realidade" criada pela mente, durante esse desmaio...



domingo, julho 16, 2006

o teu último dia


Se este fosse o último dia da tua vida, o que farias? O que considerarias importante? A quem falarias e o que dirias? A quem dedicarias o teu tempo, e com quem compartilharias um momento realmente importante?

Se este fosse o teu último dia na terra, qual seria a tua mais alta prioridade? Em que sentido mudarias o teu tom de voz? Em quê gastarias as tuas palavras? A quê dedicarias os teus pensamentos?

Como, se este fosse o teu último dia, definirias "riqueza"? Como definirias o "se"? Como definirias "Deus"? O que importaria isso? Por quê?

O que é que te preocuparia? Em que terias fé? O que te assustaria? Sentir-te-ias certo de quê?

Pensas que é mesmo possível viver este dia, como se ele fosse o teu último dia na terra? O que terias de mudar para que isso fosse possível? O que permaneceria na mesma?

Farias algumas chamadas e pedirias perdão? Abraçarias algumas pessoas e dirias que as amavas mais do que elas alguma vez tinham sonhado? Sorririas para algumas coisas que ontem detestavas?

A quem agradecerias, neste dia, de uma maneira especial? A quem desejarias proporcionar a certeza daquilo que essa pessoa tenha contribuído para a tua própria vida?

Que flor pedirias para cheirar mais uma vez? O que pedirias para a tua última refeição?

Estarias tranquilo, calmo, preparado e alerta?...

quarta-feira, julho 12, 2006

aquilo que eu quiser


O Sol raiou de madrugada, fez-se luz e calor e
quando o azul se azulou na maravilha
os anjos abriram as portas e
o universo floresceu de vida

Quisera poder ter arte e engenho
de penetrar nesse universo
e pegar de mansinho a realidade
que ouso querer como minha

Sei que o meu estado de ser não é o melhor
Sei que tenho a Força para brandir
Sei que vou aceitar
Sei que vou confiar

E também
Sei que tenho de ser o observador
Sei que está à minha frente o que desejo
Sei que sou a vida que tenho dentro de mim
Sei que do meu estado depende o comportamento
Sei que ser feliz é
aquilo que eu quiser!

(Amaral Nascimento)

segunda-feira, julho 10, 2006

acho que não


Realmente, este físico, hoje, não está nada bem!
Está um bocado difícil de aguentar!

Tens-me abalado grandemente mas, nos últimos dias,
mais não fizeste do que lançar por terra um grande amor.

Ainda aqui estou.
Porque, quando partir, quero, nesse dia, estar consciente e sereno para poder, em êxtase, abraçar essa maravilhosa experiência!


(imagem da Net)

sábado, julho 08, 2006

quem somos


Quem somos, na verdade, nada tem a ver, na maioria das vezes, com quem pensamos que somos. A verdadeira realidade sobre nós permanece ainda esquecida, adormecida por uma droga mental que nos mantém adormecidos e impedidos de lembrar de onde vimos e para onde vamos.

Não existe nenhum auto-conceito, por mais elevado que seja que possa equiparar-se à magnificência do nosso Ser Cósmico, da nossa natureza divina e universal. Por muito bem ou por muito mal que pensemos sobre nós mesmos, por muitas opiniões e julgamentos que os outros façam de nós, nunca conseguiremos perder essa herança fantástica que nos foi deixada pela Criação, no momento em que nascemos.

A nós, Príncipes dos Universos, tudo foi dado, todo o poder de criar, escolher e decidir foi depositado na nossa mão! Ao longo da viagem que temos vindo a fazer, temos esquecido do tesouro que recebemos e, à medida que nos temos afastado de Casa, perdidos por entre crenças limitadoras, medos incontáveis e culpas sem remédio, fomos afastando de nós, a memória do Paraíso, a lembrança do berço que nos viu nascer. Hoje é o dia melhor para nos darmos, de novo, um voto de confiança e decidirmos passar todos os momentos na companhia de pensamentos de liberdade, de alegria, de paz, de saúde e de sucesso! Não importa mais o quanto errámos, o quanto desperdiçámos, o quanto viajamos por terras estranhas.

Agora, neste preciso momento, podemos reverter todas as outras decisões anteriores e ganhar de novo o Céu, dentro de nós. Basta um pensamento de Amor, de Luz, de Sabedoria! Basta pensar, por exemplo: eu sou livre porque esqueci o passado e Agora posso escolher ser feliz e honrar-me plenamente!

(Isabel Ferreira)

quinta-feira, julho 06, 2006

sophia de mello breyner andresen


Sophia de Mello Breyner Andressen nasceu no Porto no dia 6 de Novembro de 1919.
Em 1944, publicou o primeiro livro, POESIA, uma edição paga pelo seu próprio pai, que integra uma escolha de poemas escritos quando tinha 14 anos.
Com oitenta anos, depois de vários prémios acumulados, ao longo da sua carreira de poesia e ficção, foi galardoada com o Prémio Camões.


“A minha poesia é a minha convivência com as coisas, a minha participação no real, o meu encontro com as vozes e com as imagens, por isso o poema não fala de uma vida ideal, mas sim de uma vida concreta.”





Quando eu morrer voltarei para buscar
Os instantes que não vivi junto do mar.


*

Em todos os jardins hei-de florir,
Em todos beberei a lua cheia,
Quando enfim no meu fim eu possuir
Todas as praias onde o mar ondeia.

Um dia serei eu o mar e a areia,
A tudo quanto existe me hei-de unir,
E o meu sangue arrasta em cada veia
Esse abraço que um dia se há-de abrir.

Então receberei no meu desejo
Todo o fogo que habita na floresta
Conhecido por mim como num beijo.

Então serei o ritmo das paisagens,
A secreta abundância dessa festa
Que eu via prometida nas imagens.

*

As ondas quebravam uma a uma
Eu estava só com a areia e com a espuma
Do mar que cantava só para mim.

*

No infinito sorriso das espumas,
No chamar da maresia, no convite das brumas,
Na exaltação de cada maré cheia,
No teu ritmo de dança e bebedeira,
O que eu procuro e encontro extasiada,
É a tua alma, viva, nunca profanada.


(Antologia Mar)

terça-feira, julho 04, 2006

a parábola da brancura

Imagina que estás num quarto branco, com paredes brancas, chão branco e tecto branco. Um quarto sem esquinas nem cantos visíveis. Imagina que estás suspenso no ar por qualquer força invisível. Flutuas no espaço branco. Não consegues tocar em nada, não ouves qualquer som. Tudo o que vês é brancura. Durante quanto tempo achas que conseguirás "existir" por experiência própria?

Existirias, mas nada saberias sobre ti próprio. Em breve perderias o juízo.

Sairias da tua mente, literalmente. A mente é a parte de ti que confere sentido aos dados provenientes do exterior. Na ausência de quaisquer dados, a tua mente fica sem nada para fazer.
Assim, no momento em que saísses da tua mente, deixarias de viver por experiência própria. Ou seja, deixarias de saber fosse o que fosse sobre ti próprio.
És grande? És pequeno? Não sabes, porque nada existe além de ti com o qual possas comparar-te.
És bom? És mau? Não sabes. Saberás sequer que existes? Não, porque nada existe à tua volta.
Nada podes saber sobre ti próprio por meio da tua experiência. Podes conceptualizar tudo o que quiseres, mas não podes experimentar nada.

Então, algo acontece e tudo muda. Surge um pequeno ponto na parede. Como se alguém tivesse entrado no quarto com uma caneta de tinta permanente e deixado uma minúscula marca na parede. Não sabes como apareceu aquele ponto, mas pouco importa, porque o ponto salvou-te.
Agora, existe mais qualquer coisa. Existes tu e o ponto na parede. Subitamente, podes voltar a fazer algumas decisões, podes viver algumas experiências. O ponto está ali. O que significa que tu estás aqui. O ponto é mais pequeno que tu. Tu és maior que o ponto. Começas de novo a definir-te - em relação ao ponto na parede. A tua relação com o ponto torna-se sagrada, porque te devolve um sentido de ti mesmo.

E depois, surge no quarto um gatinho, e tu começas a expandir a tua autodefinição. E então compreendes. Só na presença de outra coisa podes conhecer-te. Essa outra coisa é aquilo que tu não és. Portanto:
Na ausência daquilo que Não És, aquilo que És... não é.

Recordas, pois, esta enorme verdade e juras não voltar a esquecê-la. Acolhes de braços abertos cada nova pessoa, lugar e coisa. Não rejeitas nada, porque compreendes que tudo o que acontece na tua vida é uma benção, oferecendo-te novas oportunidades para definires quem és e para te conheceres como tal.

(Neale Walsch in Amizade com Deus)

domingo, julho 02, 2006

futebol, ricardo e Deus


Ricardo, o tal que, pela primeira vez na história do Mundial de Futebol, defendeu três "penalties" numa fase final. E... marcados por três dos melhores futebolistas do mundo.

“Os meus companheiros deram-me muita confiança nos penáltis. Entreguei-me a Deus. Quem trabalha dignamente é recompensado por Deus e foi o que aconteceu”, disse. No final, Ricardo dedicou a passagem às meias-finais “a minha mulher, ao meu filho e a Deus”.


(Infordesporto - 01/07/2006)

sábado, julho 01, 2006

puxo a corda


Passou célere o Junho
na roda quente da vida

Foi um fim de semana algarvio
numa Armação desejada
idealizada
de fortes lembranças
que o ar morno aconchega
em ternas intemperanças

Puxo a corda
da brincadeira menina
povoo sonhos
onde uma voz pequenina
entoa cânticos risonhos
fadas madrinhas
esperanças mansinhas
um sorriso envolvente
que no fundo da mente
baila a sofreguidão
duma acha irreverente
dona da imaginação

São aromas da piscina
com tragos doces de mel
grãos de areia fina
enchendo uma só mão
dentro do coração
uma ideia pequenina
veio arrepiar-me a pele
de contente de feliz
numa vida que já quis
escolhida no transcendente
em estado desmaiado
o consciente no outro lado
por demais surpreendente