Lisboa,

quarta-feira, janeiro 26, 2005

sobre o texto da Gilda

Vou pegar num texto da Gilda, para dissertar um pouco sobre aquilo que ela escreveu.
Quando "a vida" nos tira alguma coisa ou alguém do nosso convívio, é certo e sabido que logo gritamos a crueldade e a injustiça que vemos rodear-nos. Que vida cruel é esta que nos envolve em problemas contínuos, que nos atrapalha a felicidade, que nos revela tanta brutalidade e injustiça a crescer por esse mundo fora? Porquê a mim?... Como é possível, no meio de tanta beleza natural, de tantos alvoreceres sublimes, de tanta grandiosidade - deparar-se-nos, subitamente, com a mais profunda infelicidade, caída mesmo em cima de nós?...
Só quando o triste acontecimento nos atinge - sòmente aí - a pergunta enigmática nos revolta: Porquê? Porquê a mim?
Quando nos lembramos que, no mesmo instante, quase no mesmo lugar e sob quase as mesmas circunstâncias, dois seres nascem para esta vida, e vemos um probretanos, sem eira nem beira, ir viver uma vida de miséria - e um outro, ali ao lado, filho doutros pais, pronto para se tornar num homem poderoso, sem necessidades futuras - quando vislumbramos esses casos no nosso pensamento, a tristeza é muito menor que a revolta que sentimos. Que justiça é esta que admite estas coisas? Que Deus é este que permite tal disparidade?...
Aquela mãe acha que "não devemos" arranjar respostas para perguntas como estas, porque isso seria quebrar a magia.
Acho que é um pensamento mágico! Um pensamento enleado de ternura! Um pensamento de amor, até!
Só o Amor tem respostas para estas questões. Só a Vida tem respostas para estas perguntas.
Nós, seres humanos, não temos.
Ou teremos?
A Gilda teve um vislumbre dessa resposta porque, mesmo sabendo que iria chorar e gritar e desesperar - mesmo assim, ela "sabia que reencontraria um novo amanhecer sempre que abrisse a sua janela". E nessa janela aberta estaria um motivo para sorrir!
Todos os escolhos e vicissitudes, todas as alegrias e encantos, fazem parte da complexidade do nosso existir.
O palco que pisamos está cheio dos acontecimentos necessários para a nossa representação. O evoluir da peça passa pelas nossas atitudes, pelas nossas decisões, pelas nossas escolhas. A evolução da peça é a nossa evolução.
O final da peça, esse, está assegurado! Por mais voltas que possamos dar ao tema, e muitas voltas todos damos, o fim é aquele mesmo que, a outro nível de consciência, alguém ou nós já "escrevemos"!

3 Comentários:

At janeiro 26, 2005 1:44 da manhã, Blogger Esther diz...

O sofrimento nos ensina e nos fazer crescer... isto pode-se escrever e ter como certo!!!!

 
At janeiro 26, 2005 4:29 da tarde, Anonymous Anónimo diz...

O pior é quando abrimos a janela e o amanhecer nos recorda outros que vivemos com quem já perdemos... mas sim a minha Amiga Gilda tem razão... e tu também. Um beijo... Elsa (http://delirios2004.blogs.sapo.pt)

 
At janeiro 26, 2005 9:09 da tarde, Anonymous Anónimo diz...

Vim agradecer a visita e deparei-me com um blog a nascer e com este post. Tanto que aqui está dito!
Eu volto.
Beijinho
\sofia, d'oTecto

 

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