Lisboa,

quinta-feira, fevereiro 10, 2005

na av.infante santo

Se eu fosse pintor, e quisesse pintar aquilo que vejo além, julgo que me bastaria um lápis e um papel, sem necessidade de puxar muito pelo poder criativo.
Não poderia descurar os tons verdes que são muitos, porque a sua diversidade teria que compôr a perspectiva do morro que se descai ao lado dum prédio de dez andares. Contra o azul esbatido do céu que o esbranquiçado duma nuvenzinha deixa mais enfeitado, aquelas quatro árvores parecem torneadas a rigor. São tronquinhos que se estreitam para cima, numa composição arredondada, formando uma copa finíssima, sem uma folha sequer. Nem a palmeira, nem o musgo a seus pés, nem outros troncos ali perto, retiram o que quer que seja à sua simplicidade. O muro lá atrás e uma casita em ruínas completam o quadro, que um dia já não poderá ser visível.
Um dia, o ruído das centenas de carros que aqui passam a cada minuto, irão passar a perturbar os ouvidos dos habitantes ou trabalhadores dalgum monstro de betão que se colará aos prédios vizinhos.

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