Lisboa,

sexta-feira, março 18, 2005

fala com Deus - parte 2


Madrugada de 11 de Março 2005. Acordei e olhei o relógio: 4 horas, escuridão absoluta. Levantei-me para um chichizinho. Quando voltei, a Alice pressentiu-me. Mexeu-se na cama e despertou também. Acomodei-me, sentindo os olhos pesados, sinal de que adormeceria rapidamente...
Ouvi-me respirar por pouco tempo. Dali prá frente foi um desassossego. A Tua voz, sem som, ocupou-me a cabeça, os sentidos todos. Quanto mais procurava "pôr de lado" o restolhar constante da mente em alvoroço, menos resultados conseguia. Pensei que talvez não fosse o pensamento. Desisti. Fosse o que fosse, tinha ainda umas horitas até ao amanhecer. Mexi-me na cama. A Alice também. Pressenti-Te, sem poder evitar.
"Como é que eu vou ter a certeza que estou agora Contigo?"
"Não vais tê-la tão cedo!"
Perguntei, perguntei, falou, falou!... Em catadupa! Horas! Foram duas, mais que duas?... Tanta pergunta, tanta resposta, tanto sossego, tanto diálogo, tanto aconchego!
Não consigo lembrar de tudo. Talvez a pouco e pouco. Talvez quando fôr oportuno.
"Merda! Que confusão de vida!" lembro-me de dizer. "Merda!" ouvi-Te dizer.
"Disseste um palavrão!"
"Foram as tuas palavras que ecoaram em Mim! Eu não preciso de palavras!"
"Não precisas de palavras? Como falas com aqueles que estão aí Contigo?"
"Aqui só existe Um que sou Eu!"
"E as outras almas, as que estão no Céu? As que estão no Teu reino?"
"O meu reino sou eu! Aquilo a que chamas almas são recortes de mim, que são livres para serem o que quiserem ser!"
"Ah, mas então há almas aí Contigo!"
"Claro, mas não como estás a imaginar. Essas almas são também aquilo que eu sou. Quando deixares essa vida e voltares para mim, vais entender tudo, porque tu és um bocadinho de mim que foi aí abaixo!"
"Eu sou Tu?"
"Nada existe que não seja eu!"
"Que complicação! Porque não imaginaste uma coisa mais fácil?"
"Foste tu que quiseste assim! E achaste divertido, sabes?"
"Divertido?"
"Sim, acho que criei uma coisa engraçada!"
"E as desgraças? As pessoas que sofrem?"
"As pessoas sofrem porque querem sofrer. Apenas isso. Mas não te preocupes, isso é somente a ilusão."
"Uma ilusão que faz doer. Não tem graça nenhuma."
"É uma graça maravilhosa! Uma criação soberba! Tu sabes isso, só que não te lembras!"
"Porque é que não me lembro?"
"Porque, se assim fosse, não tinha graça nenhuma. É o pacto que fiz contigo, se é que pensas que és alguma coisa que não eu."
"Porque raio é que somos Tu e eu, e estás a dizer que somos só um?"
"És simplesmente um bocado que recortei de mim. Estando a falar contigo, é a mesma coisa que estar a falar comigo. Eu estou a falar comigo próprio. Tu não existes fora de mim!"
"Isto é paleio que li em qualquer livro..."
"Seja! Não é isso que vai alterar nada!"
"És, então, um Criador?"
"Sou o Criador! Não há mais ninguém!"
"Há outros seres... Há o diabo e o inferno, conforme dizem os livros!"
"A iluminação é difícil de alcançar! Mas a falta dela só vos faz continuar a procurar."
"Mas há outros?"
"Só existo eu! Nada existe fora de mim! Eu sou a única coisa que existe, percebes?"
"Não, porque pode ser que um demónio qualquer esteja a meter-me isto no pensamento. Eu devo estar a pecar, a ofender-Te, a injuriar o Deus Todo Poderoso que És!..."
"Ninguém me pode ofender! Ninguém me pode injuriar, ou fazer alguma coisa contra mim!"
"Posso estar a blasfemar..."
"És livre para dizer, és livre para fazer, és livre para pensar! Fui eu que te dei essa liberdade! Nada do que disseres, ou fizeres ou pensares, me pode atingir! Nada acontece que não seja permitido por mim! Nada! E lembra-te: Tu e eu somos a mesma coisa! Não existes fora de mim!"
"Já o tinhas dito!"
"E vamos continuar a dizê-lo muitas vezes mais!"
"P'ra que é que serve este palavreado todo?"
"Talvez para nada! Talvez para tudo! Foste tu que me chamaste!"
"Porque é que não és Tu a falar mais vezes connosco?"
"Eu falo convosco a toda a hora, em todos os momentos! Muita gente sabe disso!"
"Mas podias falar claramente, para que não tivéssemos dúvidas."
"A dúvida está na tua cabeça. O coração não duvida!"
"Isso do coração, já não pega! O coração é um órgão! Tira-se este, põe-se outro de plástico."
"..."

3 Comentários:

At março 19, 2005 5:30 da tarde, Anonymous Anónimo diz...

nem mais palavras ...

beijinho grande
www.lbutterfly.blogs.sapo.pt

 
At março 20, 2005 1:04 da manhã, Blogger sofia. diz...

O "coração" é muito para além de um orgão, é muito mais uma capacidade - a de amara e sentir
Beijinho

 
At fevereiro 22, 2007 3:14 da manhã, Anonymous Anónimo diz...

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