Lisboa,

quarta-feira, março 09, 2005

vadio

Dunas vastas, luzidias.
Quisera deixar correr o pensamento.
Vadio, sonâmbulo.
Está, porém, quieto.
Ouvindo o mar que se agita, espraiando-se na costa a perder de vista, imensa, deserta.
Pegadas sumidas, mas vivas, ainda de alguém que passou, mais apressado não sei.
Dois vultos no horizonte, crescendo, crescendo, tornando-se gente, mãos dadas, contentes, que a felicidade está perto.
Esbranquiçadas, as ondas falam, murmuram, gritam.
No céu, são sobras de algodão, enfeitando o azul, salpicado, ondulado.
Misturas de cores, que o Sol esbate, sem vícios nem traumas.
Dunas que se perdem, que se desinteressam.
Dunas que de verde têm pouco, escondendo uma sombra, inquieta, irrequieta, nervosa.
Surfistas que teimam, impaciência contida, sorriso nervoso.
Esbracejam na onda, no início e no fim, e quando ela chega, brincalhona e farta, explode a seus pés, no jogo a dois, com o seu quê consentido.
O além, cortado bem longe, quieto no sempre, vincado na côr, desinteressado e mudo.
Trago-o para mim, farto e enorme, e aconchego-o brandamente,
no silêncio do que sou.
Eu sou o mar.
Sou o céu e a vastidão.
Sou o tudo que não vejo.
Sou!
Nesta consciência de ser,
posso ser ainda mais!

4 Comentários:

At março 09, 2005 6:13 da manhã, Anonymous Anónimo diz...

Hummm, imagens fortes para visualizarmos ao beber as palavras :) Beijo grande, empertigado numa onda que se fez ao mar :)

 
At março 09, 2005 10:13 da manhã, Blogger sofia. diz...

Lindo!...

 
At março 09, 2005 10:27 da manhã, Blogger Esther diz...

Quem dera esse mar fosse menor....

 
At março 09, 2005 11:07 da manhã, Anonymous Anónimo diz...

Fizeste-me recordar, com uma lagrimita ao canto do olho, os meus verões da juventude, passados nas dunas de Peniche. Será que ainda existem?Bj da Fernanda

 

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