Lisboa,

domingo, abril 10, 2005

projectar a luz



Domingo de céu limpo e Sol convidativo. Um Sol que convida os tristes e os pesarosos, um Sol que agrada aos alegres da vida. Um Sol que devia ser para todos, também para os que enchem hospitais, para os que deambulam por ruas e por corredores das próprias casas.
Não é possível contá-los nem tirá-los da solidão. Estão escondidos da vida e escondidos de si.

Também, hoje, não sou um dos alegres da vida. Sei que é o céu e as coisas dos homens que me trazem o reflexo do Sol que está lá em cima. Sei que posso fazer-me alegria, quando retirar o espinho que me impede essa alegria. Sei que é só querer e só depende de mim!
Esta passagem de "Construir o homem" é dedicado a todos aqueles que não disfrutam da alegria que possuem, por esta ou aquela razão.


"No sótão e na cave do nosso espírito, na nossa memória e no nosso coração, acumulam-se no meio das riquezas egoisticamente guardadas, e que inutilizadas se deterioram, muitos fragmentos de vida, recalcados e enterrados, porque mal geridos e mal aceites. São encontros falhados, amores abortados, perdões recusados, provações e sofrimentos suportados e não aceites, etc... etc... Mundo inquieto que se infesta, destilando uma multidão de sentimentos negativos: queixas, remorsos, melancolia; desencorajamentos, desvalorização e desgosto de si próprio; ciúme, inveja, desejos depravados; violências sufocadas, etc...

É preciso projectar a luz. É preciso libertar-nos. É preciso restituir essa vida estragada à grande corrente de vida, seiva que nos faz florir e dar o nosso fruto. Mas como? Muitos, infelizmente, não utilizam os seus meios.

É por isso que é preciso, de tempos a tempos, deter-te um pouco. Fazer silêncio. Retardar as imagens que desfilam na tua memória. Escutar as tuas vozes interiores para tomares consciência de toda essa vida que te habita.

(Michel Quoist in "Construir o homem")

10 Comentários:

At abril 10, 2005 8:23 da tarde, Blogger Esther diz...

Oi Amaral....há momentos em que o grande mar da vida fica revolto ( é natural )..é nesta hora que devemos parar um pouco de nadar...parar de lutar contra o temporal - que como todos vai passar - ..é hora de boiar...recuperar forças..boiar gostosamente..refletir.. quando tudo voltar ao normal e a brisa limpa, pura e calma voltar, voltamos a nadar com mais forças..Deu para perceber???;)

 
At abril 10, 2005 11:38 da tarde, Blogger soperia diz...

então hj tas tistonho? beijinho

p.s. o sol tava de facto fantástico!!

 
At abril 11, 2005 12:48 da manhã, Blogger anapaula diz...

Passo por aqui e leio-te praticamente todos os dias. Várias são as vezes em que quero comentar e não consigo expressar por palavras o que me vai cá dentro. Deixas-me sem palavras. Hoje foi um desses dias. O teu post tocou-me muito. Nem sei como explicá-lo, talvez dizendo apenas que essa tomada de consciência não é nada fácil.

 
At abril 11, 2005 12:54 da manhã, Anonymous Anónimo diz...

Levarás o tempo que fôr para ti necessário para arrancares esse espinho. Às vezes esse gesto dói e é necessária uma meticulosa preparação espiritual. Mas, quando sentires que chegou o momento, vais poder inundar-te de luz! Um beijinho :-)

 
At abril 11, 2005 6:02 da manhã, Anonymous Anónimo diz...

Espero que logo, logo, possas retirar esse espinho e desfrutar do sol na sua plenitude com a alegria que mereces no coração. Um beijo grande.

 
At abril 11, 2005 11:13 da manhã, Blogger sofia. diz...

Um sorriso partilhado para ajudar nessa construção de alegria.
(é só o corpo a pedir um descanso)
Beijinho

 
At abril 11, 2005 11:27 da manhã, Blogger Fátima Santos diz...

tou a votos aqui http://nablogosfera.blogspot.com/
em 3º carago Help! :)

 
At abril 12, 2005 7:31 da manhã, Anonymous Anónimo diz...

Escutar as vozes interiores, não simplesmente ouvi-las, e depois dialogar com elas. Reflectir, dialogar, reflectir. Há na maioria das pessoas uma imensa falta de diálogo interno. Talvez porque não conseguem escutar essas vozes interiores que ficam completamente inaudíveis perante o barulho ensurdecedor do pensar incessante (novamente E. Tolle). Bergson falava da necessidade de um "suplemento de alma" que caracteriza alguns humanos. Eu diria que muitos de nós precisam de um rasgão na carapaça que envolve a alma ... para que entre a luz e o calor do sol e saia o cheiro bafiento. Uma nota final sobre o teu "espinho". Sei que, por vezes bastaria em pequeno gesto para nos libertarmos da dor que nos provoca. Mas, se o fizéssemos ficaríamos sem nada. É necessário esperar por um tempo certo. Um abraço. António (http://momentosdevida.blogs.sapo.pt)

 
At fevereiro 23, 2007 8:03 da manhã, Anonymous Anónimo diz...

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At março 02, 2007 6:56 da manhã, Anonymous Anónimo diz...

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