um olho do cosmo
"Em qualquer momento o mundo "dá-nos" uma colecção de coisas para ver, de sons, de odores, e assim sucessivamente. Por um processo mais ou menos inconsciente organizamos estas sensações de modo a formarem um quadro estável. Este quadro de fundo, acerca do qual toda a gente está de acordo, é a realidade: um continuum de três dimensões espaciais e uma dimensão temporal. Quando me encontro no escritório, não duvido da existência da minha casa. De igual modo, quando são 10 horas, não duvido da existência das 7. Não penso numa pessoa como sendo um objecto à deriva no espaço; uma pessoa é um certo tipo de padrão no espaço-tempo.
Um corpo humano muda a maior parte dos seus átomos de uns quantos em quantos anos. Diariamente uma pessoa come e inala milhares de milhões de novos átomos, diariamente evacua, urina e expira milhares de milhões de velhos átomos. Sob o ponto de vista físico, o meu corpo presente não tem quase nada em comum com o corpo que tinha há vinte anos. Uma vez que sinto que ainda sou a mesma pessoa, "eu" tenho de ser algo mais do que a colecção de átomos que constituem o meu corpo. "Eu" não sou tanto os meus átomos quanto o padrão em que eles se encontram dispostos. Alguns dos padrões de átomos do meu cérebro codificam determinadas recordações; é a continuidade destas recordações que me dá o sentido de identidade pessoal.
Os simples processos de comer e de respirar inserem-nos a todos numa trama de uma vasta tapeçaria quadridimensional. Por muito isolados ou por muito sozinhos que, por vezes, nos sintamos, nunca estamos realmente cortados do todo.
Acho esta ideia muito reconfortante. Em vez de pensar em mim como um saco de carne em decadência, posso ver-me como uma parte do espaço-tempo eterno. Esta é uma maneira de enfrentar a morte com um sorriso. Em vez de me identificar com o padrão específico do meu corpo, identifico-me com o universo-bloco como um todo. Sou, por assim dizer, um olho que o cosmos usa para olhar para si mesmo. A mente não é apenas minha, mas está em toda a parte. Se não existo, como poderei morrer?"
Um corpo humano muda a maior parte dos seus átomos de uns quantos em quantos anos. Diariamente uma pessoa come e inala milhares de milhões de novos átomos, diariamente evacua, urina e expira milhares de milhões de velhos átomos. Sob o ponto de vista físico, o meu corpo presente não tem quase nada em comum com o corpo que tinha há vinte anos. Uma vez que sinto que ainda sou a mesma pessoa, "eu" tenho de ser algo mais do que a colecção de átomos que constituem o meu corpo. "Eu" não sou tanto os meus átomos quanto o padrão em que eles se encontram dispostos. Alguns dos padrões de átomos do meu cérebro codificam determinadas recordações; é a continuidade destas recordações que me dá o sentido de identidade pessoal.
Os simples processos de comer e de respirar inserem-nos a todos numa trama de uma vasta tapeçaria quadridimensional. Por muito isolados ou por muito sozinhos que, por vezes, nos sintamos, nunca estamos realmente cortados do todo.
Acho esta ideia muito reconfortante. Em vez de pensar em mim como um saco de carne em decadência, posso ver-me como uma parte do espaço-tempo eterno. Esta é uma maneira de enfrentar a morte com um sorriso. Em vez de me identificar com o padrão específico do meu corpo, identifico-me com o universo-bloco como um todo. Sou, por assim dizer, um olho que o cosmos usa para olhar para si mesmo. A mente não é apenas minha, mas está em toda a parte. Se não existo, como poderei morrer?"
(Rudy Rucker in "A quarta dimensão")
12 Comentários:
Mais uma vez...muito bom!
Só sei k a morte não existe. Existe a morte desta matéria k se degrada sob uma determinada forma (a única a que conseguimo ter acesso e reconhecer), mas o resto, o k quer k seja, nunca morre. Bom resto de semana. gosto de ler os teus posts. Bjs e,)
E não te esqueças da alma.... Bj e bom fds da Fernanda
Estou um pouco sem cabeça para grande análise ao que li...gostei. Mas senti falta de alguma coisa da vida que o cosmos nos tráz...coisas minhas talvez, eu gosto de complicar ao fim do dia, principalmente de uma sexta feira.
Jinhos grandes e bom fim de semana.
Olá
...e, se não existes, como foi possível teres nascido!
Um abraço
Do cantinho da Aluena saltei para aqui e só posso dizer que achei muito interessante. Vou voltar com tempo para ler tudo com atenção. Bom fds.
uma leitura atonomizada(será assim?) bastante agradável e diferente...
Que escolha tão bonita! Soube-me imensamente bem... Beijo enorme :)
Uma forma interessante de "ver" a vida e a morte...
Parabéns pelo blog, consegues prender-nos às palavras...
Nadir
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