o mundo dos sonhos
Com efeito, tudo o que o cérebro faz é receber sinais contínuos sobre o estado do corpo em termos de equilíbrio químico, temperatura, consumo de oxigénio, juntamente com uma corrente crepitante de impulsos nervosos. Este grande conjunto de dados não tratados tem início como erupções químicas com cargas eléctricas acopladas. Estes impulsos percorrem uma rede intrincada de células nervosas, e, assim que o sinal chega ao cérebro, tal como um corredor de um dos extremos do Império levando uma mensagem até Roma, o cortex agrupa os dados não tratados em conjugações mais complexas de impulsos eléctricos e químicos.
O córtex não nos informa deste infinito processamento de dados, que é tudo o que está a ocorrer dentro da matéria cinzenta. Em vez disso, o córtex fala-nos do mundo - permite-nos a percepção de imagens, sons, sabores, cheiros e texturas - de toda a criação. O cérebro pregou-nos uma grande partida, um notável número de ilusionismo, porque não existe uma ligação directa entre os dados não processados do corpo e a nossa sensação subjectiva de um mundo exterior.
Tanto quanto sabemos, todo o mundo exterior poderia ser um sonho. Quando estou na cama, a sonhar, vejo um mundo de acontecimentos tão vívido como o mundo que existe quando estou acordado (para a maior parte de nós, os restantes quatro sentidos estão espalhados desigualmente ao longo dos nossos sonhos, mas algumas pessoas quando sonham podem tocar, saborear, ouvir e cheirar com tanta precisão como quando estão acordadas). Mas quando abro os meus olhos, pela manhã, sei que todos esses acontecimentos vividos se produziram dentro da minha cabeça. Nunca cometeria o erro de cair nessa partida porque já parto do princípio de que os sonhos não são reais.
Então, o meu cérebro dedica um aparelho a produzir o mundo dos sonhos e outro ao mundo da vigília? Não, não dedica. Em termos de função cerebral, o mecanismo dos sonhos não se desliga quando acordo. O mesmo córtex visual, na parte traseira do meu crânio, permite-me ver um objecto - uma árvore, um rosto, o céu - independentemente de estar a vê-lo na memória, num sonho, numa fotografia ou à minha frente. As localizações da actividade das células cerebrais mudam ligeiramente de uma para outra e é por isso que posso estabelecer a diferença entre um sonho, uma fotografia e o objecto real, mas está a ocorrer constantemente o mesmo processo fundamental. Estou a fabricar uma árvore, um rosto ou o céu a partir do que, na verdade, é um emaranhado aleatório de nervos compridos e finos que soltam impulsos químicos e correntes eléctricas no meu cérebro ou por todo o meu corpo. Por mais que tente, nunca encontrarei um único padrão de produtos químicos e correntes com a forma de uma árvore, de um rosto ou com qualquer outra forma. Existe apenas uma tempestade de actividade electroquímica.
Este problema embaraçoso - o facto de não existir maneira de provar a existência de um mundo exterior - mina toda a base do materialismo. Assim, chegamos ao segundo segredo espiritual: Não estamos no mundo; o mundo está dentro de nós.
O córtex não nos informa deste infinito processamento de dados, que é tudo o que está a ocorrer dentro da matéria cinzenta. Em vez disso, o córtex fala-nos do mundo - permite-nos a percepção de imagens, sons, sabores, cheiros e texturas - de toda a criação. O cérebro pregou-nos uma grande partida, um notável número de ilusionismo, porque não existe uma ligação directa entre os dados não processados do corpo e a nossa sensação subjectiva de um mundo exterior.
Tanto quanto sabemos, todo o mundo exterior poderia ser um sonho. Quando estou na cama, a sonhar, vejo um mundo de acontecimentos tão vívido como o mundo que existe quando estou acordado (para a maior parte de nós, os restantes quatro sentidos estão espalhados desigualmente ao longo dos nossos sonhos, mas algumas pessoas quando sonham podem tocar, saborear, ouvir e cheirar com tanta precisão como quando estão acordadas). Mas quando abro os meus olhos, pela manhã, sei que todos esses acontecimentos vividos se produziram dentro da minha cabeça. Nunca cometeria o erro de cair nessa partida porque já parto do princípio de que os sonhos não são reais.
Então, o meu cérebro dedica um aparelho a produzir o mundo dos sonhos e outro ao mundo da vigília? Não, não dedica. Em termos de função cerebral, o mecanismo dos sonhos não se desliga quando acordo. O mesmo córtex visual, na parte traseira do meu crânio, permite-me ver um objecto - uma árvore, um rosto, o céu - independentemente de estar a vê-lo na memória, num sonho, numa fotografia ou à minha frente. As localizações da actividade das células cerebrais mudam ligeiramente de uma para outra e é por isso que posso estabelecer a diferença entre um sonho, uma fotografia e o objecto real, mas está a ocorrer constantemente o mesmo processo fundamental. Estou a fabricar uma árvore, um rosto ou o céu a partir do que, na verdade, é um emaranhado aleatório de nervos compridos e finos que soltam impulsos químicos e correntes eléctricas no meu cérebro ou por todo o meu corpo. Por mais que tente, nunca encontrarei um único padrão de produtos químicos e correntes com a forma de uma árvore, de um rosto ou com qualquer outra forma. Existe apenas uma tempestade de actividade electroquímica.
Este problema embaraçoso - o facto de não existir maneira de provar a existência de um mundo exterior - mina toda a base do materialismo. Assim, chegamos ao segundo segredo espiritual: Não estamos no mundo; o mundo está dentro de nós.
(Deepak Chopra in O livro dos segredos)
21 Comentários:
Confesso que só li o título do post... e fiquei super interessada no tema, porque o mundo dos sonhos sempre me fascinou. Mas a esta hora, não consigo ler...ehehe prometo q voltarei para um update e o respectivo comentário.
Baci
Buona Notte***
Ah, e já agora: Buoni Sogni! ;) *
pois...era o que eu dizia/sentia num dos textos de há uns dias
(adorei o teu comentário de hoje eheheheh)Tem um bom dia
Nem sonhas como este post me caiu bem na alma! E quanto á comida, tens razão. Aliás, estou tentada a dizer que tens sempre razão! bj da Fernanda
Fabrico-te um sonho ... com letras e um beijinho hoje :)
Sónia
www.lbutterfly.blogs.sapo.pt
Para mim o mundo dos sonos é fascinante mas porque acho que nunca poderemos explicar qual o motivo que leva á criação destas imagens mentais (aquelas e não otras) e por que se alteram de sonho para sonho e de pessoa para pessoa!
o meu mundo..esse é o meu mundo..
não o estraguem.. porque alguem ainda vai lembrar de fazer pagar impostos sobre os sonhos.
"O cérebro pregou-nos uma grande partida, um notável número de ilusionismo, porque não existe uma ligação directa entre os dados não processados do corpo e a nossa sensação subjectiva de um mundo exterior." Ai não??
Tudo isto é fascinante! Fez-me lembrar o filme "Matrix". Era engraçado se viessemos a descobrir que afinal o mundo em que vivemos não é real, que é apenas uma ilusão, um sonho de alguém em que nós somos meros personagens largados ao improviso ou então controlados como marionetas... "Não estamos no mundo; o mundo está dentro de nós" (sendo que este é o segundo segredo espiritual, não quererás partilhar connosco o primeiro? ainda que resumidamente?)
Muito interessante este post!
Bjs
A UnaRagazza:
Há um tempo para tudo, até pra ler. E com a pestana a cair, não dá mesmo nenhum jeito...
Volta sempre!
À Seila:
Há coisas que se lêem e com as quais não conseguimos discordar. Por mais que se tente...
O teu post estava "impossível" de comentar...
À Fernanda:
Também a mim me fez reflectir. A evidência, às vezes, mete-se pelos olhos dentro com uma ajuda minúscula...
Quanto à comida, se o espírito precisa, o corpo nem se fala! A ideia, porém, era fazer realçar os maus costumes em que estamos a mergulhar, sem nos apercebermos...
À lbutterfly:
O teu sonho... do teu último post, só parece agressivo no título, porque no resto é uma doçura completa!
À Adryka:
Mada que se compare com as histórias do teu "Crepúsculo", que são denúncias das arbitrariedades sociais e do quanto vai mal por este País tão pequenino...
Os sonhos podem não ser "côr de rosa", mas o acto de acordar traz-nos de volta rapidamente, o que pode ser uma vantagem...
À Ana:
É verdade que é fascinante. Devagar, o homem tem avançado na sua compreensão e procura explicar, hoje, com argumentos que não possuía há anos atrás.
Mas iremos continuar, por muito mais tempo, a fascinar-nos com os testemunhos que vamos partilhando, e com as tentativas dos homens da ciência procurando não ficarem para trás na sua explicação.
Ao Carlos Barros:
Boa, essa. Mas a verdade é que, quando o sonho é daqueles que interessa (e quantos não tivémos já...), só nos apetece é não acordar! E quantas vezes, também, retomamos o sono e fazemos "força" para que o mesmo sonho volte de novo...
Por outro lado, tens toda a razão: se os políticos descobrem que os portugueses andam a sonhar todos os dias, aplicam-lhes, de certeza, os 21% do IVA. Pelo sim, pelo não, vamos contando estas coisas muito baixinho, só aqui pra nós!...
À UnaRagazza:
Fascinante, não é, a vida que estamos a viver ser uma ilusão???
O curioso é que inúmeros autores dos nossos dias, desde Chopra até Brian Weiss ou Neale Walsch ou Ekhart Tolle ou até a própria Bíblia(Eclesiastes), não têm dúvidas quanto a isso...
E quando lemos que nos sonhos poderemos assistir a cenas ocorridas muitos séculos antes de nascermos?...
Quanto ao primeiro segredo... esse é "o mistério da vida", segundo afirma Deepak Chopra.
À Angela:
Como não és muito precisa, prefiro acrescentar (da Florbela):
"Tanto clarão nas trevas refulgiu,
E tanto beijo a boca me queimava!
E era o sol que os longes deslumbrava
Igual a tanto sol que me fugiu!"
Confesso que gostei bantante do texto. Fez-me pensar. Brigado.
Beijinhos
À mulhergorducha:
Se aquilo que lemos não nos deixa indiferentes e nos faz reflectir - então, teve a sua utilidade.
A consciência fica mais desperta e o mundo à nossa volta vai perdendo o seu mistério, mostrando, por outro lado, o seu encanto e a sua magia.
"O mundo está dentro de nós"
Gostei tanto!
À concha:
Explicado daquela maneira, até parece simples.
Mas para que essas tuas células, e as minhas e as dos nossos amigos, nos "dêem" a mesma percepção, sem desvios, sem disturções - só uma inteligência maior a coordená-las, não?...
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