Lisboa,

terça-feira, outubro 18, 2005

ter-ser


A ilusão que nos envolve e que nos faz acreditar que tudo é real tem uma força própria que a mente absorve com toda a facilidade.

Se eu determinar os meus propósitos a partir daquilo que tenho, distorce imediatamente os meus objectivos, comparados com aqueles que conseguiria se optasse por esquecer aquilo que tenho e me guiasse unicamente por aquilo que sou.

A maneira mais simples de entender um pouco deste enigma, poderia ser assim: se eu amar apaixonadamente a mulher que tenho a meu lado, e sou correspondido da mesma forma, eu posso dizer que a felicidade enche o meu mundo, e distribuo alegria e paz e boa disposição; se me sinto só, procuro ansiosamente o amor, ninguém me quer - então, a meu dia-a-dia é carregado de má disposição, de tristeza, e o que tenho é uma vida infeliz, um mundo nu à minha volta.
Não duvidemos que, naturalmente, é assim que age a nossa mente. Criamos a realidade a partir daquilo que temos e não daquilo que somos.

Transportemos tudo isto para bens materiais? Passar-se-à a mesma coisa: de acordo com o muito ou o pouco que tenho, comportar-me-ei segundo conceitos de "bom" e "mau" que o subconsciente retém.

Quando não reconheço "aquilo que sou", tenho momentos em que "aquilo que não sou" se mistura na minha realidade presente, e faz resultar aquilo que penso ainda não ter sido capaz de ser. A simplicidade da questão é que sou muito mais do que aquilo que penso ser. Por isso, mesmo que nada tenha, eu tenho a certeza que sou muito. Aquilo que tenho não é meu, nem de ninguém. Posso usufruir disso, enquanto nesta vida. Mas outras pessoas serão seus donos também, e outras mais tarde, e assim por diante...

5 Comentários:

At outubro 18, 2005 10:11 da manhã, Blogger trintapermanente diz...

percebo perfeitamente o que dizes pq é esse patamar que tenho tentado ultrapassar. o yoga e a meditação são por isso dependencias [boas] para a minha evolução e estado de espirito. acredita que resulta e que tenho vivido melhor. o descernimento torna-se natural e as elações espontaneas. beijnho

 
At outubro 18, 2005 11:06 da manhã, Anonymous Anónimo diz...

Como te entendo! Adorei o teu blog e sinto uma certa empatia com o meu, apesar de a forma de escrever os sentimentos seja diferente... adorei!

 
At outubro 18, 2005 12:36 da tarde, Blogger lena diz...

gostei muito do que li, consegui que a mensagem chegasse até mim e saborear cada momento
parabéns pelo que escreves
um abraço
lena

 
At outubro 18, 2005 10:29 da tarde, Blogger Maria Carvalho diz...

É isso...beijos

 
At outubro 19, 2005 9:52 da tarde, Blogger Su diz...

gostei de ler....muitoo

jocas maradas

 

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