Lisboa,

segunda-feira, janeiro 30, 2006

agostinho de novo

Ontem, nevou em quase todo o País.
Coisa inédita para quem nasceu há menos de 50 anos e nunca foi à serra vê-la cair.
O post que coloquei ontem pareceu ter saído de um manto branco, de um qualquer sítio, algures por aí...
Não foi!
Era o espelho dum dia. Com alguma coisa que parece querer desaparecer, pouco a pouco...
Hoje, vou recordar, de novo, Agostinho da Silva. Porque o admirava como ser humano e como homem das letras...

Tudo o que faço na vida
é só linha de poema
que cada um ordenará
conforme for seu esquema

para uns serei precioso
me guardarão com amor
para outros folha no vento
nem a vê o varredor

tudo porém vem de Deus
e de Deus não se desprende
e Deus sem nenhum cuidado
ao bom ao ruim atende

aprenderei a lição
embora tão mau aluno
e em não ter cuidado algum
ao que é não ser me reúno.



Tudo pode vir do nada
várias tintas várias telas
esta vida em que vivemos
é apenas uma delas

mil outras no mesmo espaço
mil outras em hora igual
rivalizam no sonhar
o que pensamos real

e podemos ir além
neste quadro que vos traço
tempo é tempo imaginado
em que se imagina espaço.





(Agostinho da Silva)

19 Comentários:

At janeiro 30, 2006 4:16 da tarde, Blogger Vica diz...

Deve ser emocionante ver a neve! Lindo poema! Aqui em Porto Alegre, durante a minha existência, nevou só uma vez, acho que 1984, mas foi muito pouco e muito rápido.

 
At janeiro 30, 2006 4:28 da tarde, Blogger sofia. diz...

É engraçado - nevou em todo o lado menos nas terras da neve!
Devem ter sido momentos muito bonitos
beijinho

 
At janeiro 30, 2006 4:37 da tarde, Anonymous Anónimo diz...

Realmente nevou um pouco por todo o lado menos aqui!!

Sempre Gostei e admirei a pessoa que referes hoje pela sua postura, pela sua filosofia de vida, pela lição de vida...pelas coisas sábias que dizem às vezes de uam forma quase a brincar...
pensadora

 
At janeiro 30, 2006 4:39 da tarde, Blogger Folha de Chá diz...

Como gosto de Agostinho da Silva. Estas palavras, então, são lindas:
«várias tintas várias telas
esta vida em que vivemos
é apenas uma delas»

 
At janeiro 30, 2006 6:24 da tarde, Anonymous Anónimo diz...

...tempo é tempo imaginado
em que se imagina o espaço ...
poema lindo,recheado de sabedoria!
Aqui em Curitiba nevou uma única vez neste último meio século, foi em 1975, o que marcou minha memória foi como toda gente da cidade virou criança e foi pra rua brincar. Foi muito legal !
Beijo,
Jo

 
At janeiro 30, 2006 7:03 da tarde, Blogger isabel mendes ferreira diz...

excelente escolha....Agostinho sempre.


abraço. com neve desfeita. nas ruas de lisboa.

 
At janeiro 30, 2006 7:31 da tarde, Blogger Estrela do mar diz...

...pois é...bem me pareceu que não me tinha enganado com a belíssima foto que colocaste antes...


Aqui te deixo um beijinho de carinho.

Boa semaninhaaaaa.

 
At janeiro 30, 2006 9:52 da tarde, Anonymous Anónimo diz...

Não conhecia este autor bonitas citações!

~*~
Boa semana!

 
At janeiro 30, 2006 10:30 da tarde, Blogger Maria Carvalho diz...

A minha ideia de Agostinho da Silva é a de um pensador. Não o conheci pessoalmente, teria sido alguém com quem muito gostaria de ter conversado. Ficam as palavras, concordando algumas vezes, discordando outras. Beijos para ti, obrigada, mais uma vez pelas tuas visitas.

 
At janeiro 30, 2006 11:29 da tarde, Blogger lena diz...

e nevou sim e eu vi a neve cair, de mansinho

Agostinho da Silva , li muito dele,para mim além de pensador era um filósofo, assisti a alguns debates dele e sempre interessantes, cheios de lições de vida

obrigada por o lembrares aqui, Amaral

beijinhos meus

lena

 
At janeiro 30, 2006 11:37 da tarde, Blogger Carla diz...

«várias tintas várias telas
esta vida em que vivemos
é apenas uma delas»

Lindo!
Bjx e boa semana

 
At janeiro 31, 2006 2:27 da manhã, Blogger Carlos Estroia diz...

Quer haja neve ou não, Agostinho da Silva sabe sempre bem.
Abraços

 
At janeiro 31, 2006 8:09 da manhã, Blogger greentea diz...

várias tintas ...várias telas...

a paleta está nas nossas mãos para darmos o tom à vida, nesta vida noutras vidas.
um abraço

 
At janeiro 31, 2006 9:09 da manhã, Blogger Luis Carlos diz...

Olá,

Agostinho da Silva, quando apareceu na televisão, eu corria para ela para lhe beber toda aquela sabedoria.

Voltava a sentir aquilo que eu, quando tinha 5-6 anos via com uma atenção desmesurada e bebia aquelas palavras das reflexões de Vitorino Nemésio no seu programa "Se Bem Me Lembro".

É sempre com gosto que leio Agostinho da Silva.

Força Amaral.

 
At janeiro 31, 2006 3:50 da tarde, Blogger Joaquim Amândio Santos diz...

De Agostinho da Silva a Eduardo Lourenço vai a frágil, ténue e invisível linha do portento. a humanidade vive célebre como convém na seiva ímpar que, nunca rendida à mediania, emana dos pensadores.

 
At janeiro 31, 2006 10:38 da tarde, Blogger Dulce Gabriel diz...

Que grande sentido de oportunidade.E logo agora que não falta muito para começarem as comemorações,do centenário do nascimento,deste filósofo Portuga e que ainda pude ouvir um dia...Foi uma sorte conhecê-lo de viva voz.

 
At fevereiro 01, 2006 11:06 da manhã, Blogger LUA DE LOBOS diz...

alguém que gostaria de ter conhecido e conversado sem horário :)
pode ser que nos encontremos no lado delá...
maria de são pedro

 
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