Lisboa,

quarta-feira, abril 12, 2006

semana santa


O cristão vive a sua semana santa. Relembra os factos históricos, promove rituais, relê passagens , capítulos dos seus livros santos.
Este ano, particularmente, retive dois episódios, em locais completamente diferentes, como é óbvio: um concerto musical promovido na sexta-feira santa e um baile agendado para o sábado. As reacções não se fizeram esperar. Esta manhã, a TV mostrou um padre a considerar o tal concerto como um acto de terrorismo.
Em tudo na vida, e em todas as épocas, sempre houve e haverá contestações.
A vida é um fluxo. Qualquer momento é um momento. E cada vez mais, o homem manifesta-se contra a corrente da vida. Sabemos que a nossa mente é uma máquina que se move na certeza das coisas. A mente adquire padrões e esses padrões são o seu sustento. O ego agiganta-se à medida que a mente o vai alimentando.
A contestação tem o seu lugar saudável. A evolução faz parte do processo e, muitas vezes, há que repôr hábitos e comportamentos que acelerem essa evolução. Ao mesmo tempo que a mente quer e vive de certezas e de tudo o que é visível e palpável, a outra parte de nós guarda e aceita o que não vê. O que faz a vida acontecer, no seu todo, são os factos que se opõem. A existência existe na dualidade daquilo que é e não é.
Neste ponto, chegamos ao início do conhecimento. Se a mente não aceitar uma das partes, o conflito marca sempre presença.
A vida, nesta bolinha azul encaixada no espaço, coexiste numa dualidade básica. A vivência dum momento mágico e único só se torna possível dentro dessa dualidade.
O mais difícil para o homem é aceitar o oposto. Aceitar aquilo que não gosta. Aceitar aquilo que fere. Aceitar aquilo que desconhece. Aceitar aquilo que lhe diminui o ego. Aceitar aquilo que faz o seu semelhante maior que ele próprio.
Aceitar conduz a um estado de ser. Um estado de ser conduz à aceitação.
Compreender e aceitar a diferença traz certamente alegria a uma semana santa. Uma semana santa só pode fazer sentido se o respeito pelo oposto existir pacificamente. Se o negativo e o positivo coexistirem. Se a inspiração der lugar à expiração. Se o tudo se manifestar livre e abertamente.
A vida é um fluxo. O Amor é um fluxo. O universo é o palco ideal para toda e qualquer manifestação pacífica. Aqui e agora.

11 Comentários:

At abril 12, 2006 1:34 da manhã, Blogger Cláudia diz...

Delicioso este post,só tenho pena de não ter mais tempo para te vir visitar, mas o que importa é o aqui e agora, por isso cá estou de novo contigo.Escreves maravilhosamente bem.

 
At abril 12, 2006 11:45 da manhã, Blogger Aragana diz...

Cada um com a sua religião e crença... cada um com a sua fé!
Se for uma ajuda para que nos tornemos melhores e mais "pessoas" não há lugar para contestações.
Sabes, tive uma colega que era muito má e fria, depois encontrou a fé através de uma Igreja que nao qa católica. Toda a gente começou a notar diferenças de presonalidade para melhor. Tornou-se mais humana e melhor pessoa.
se estas festividades de fé servirem, nemq ue seja só por uns dias, para nos tornarmos melhores - melhor! Não é?
Uma beijoca

 
At abril 12, 2006 1:41 da tarde, Anonymous Anónimo diz...

...e ao dia sucede a noite, e à tempestade sucede a bonança, e à fome sucede a abundância,e ao desespero sucede a esperança e às tuas palavras, Amaral sucede a paz de espiríto...

 
At abril 12, 2006 1:58 da tarde, Blogger Rosario Andrade diz...

bom dia Amaral!
Excelente análise, a dualidade do existir e nao existir.
Apenas nao concordo (e ca esta, a dualidade, a diferenca a gerar discussao mas nao confronto...) com a segunda frase onde se le "relembra factos historicos". De acoordo coma historia Jesus tal como é descrito na Biblia nunca existiu. Nao ha outros documentos (entre a extensa literatura escrita durante a época por cronistas quer romanos quer judeus) que refiram a existancia de Jesus, dos milagres, das multidoes, dos terramotos ou eclipses aquando da crucificacao, etc, etc, etc. Nao se pode afirmar com base na Historia que Jesus tenha existido. Face a tal hiato os crentes dizem que é uma questao de fé. E quanto a isso, cada um sabe de si.
Bjicos grandes.

 
At abril 12, 2006 9:56 da tarde, Blogger Fábula diz...

olha, já agr q te parece a recente polémica sobre um recém-descoberto "Evangelho de Judas"... tenho um fraquinho p polémicas relacionadas c semanas santas! ;)

 
At abril 12, 2006 10:54 da tarde, Blogger Luna diz...

Assim é , na dualidade dos opostos devemos de encontrar o equilibrio, só que nem sempre é facil, pois como dizes os egos levam-nos por caminhos tortuosos .

Se quizeres visitar o outro meu cantinho astrespiramides, tenho muito gosto de te receber
boa pascoa
beijos

 
At abril 12, 2006 11:29 da tarde, Anonymous Anónimo diz...

Penso que as "diferenças" fazem a diferença! E é isso que torna a vida mágica e maravilhosa. Feliz daquele que pode entender e aceitar isso. beijo

 
At abril 13, 2006 12:55 da manhã, Anonymous Anónimo diz...

Desejo a vc uma Páscoa radiante de Paz; amor; união e aconchego com nosso Deus. Que esta feliz Páscoa que te desejo seja extensiva atd sua família e amigos. Bjos doces em seu coração.

 
At abril 13, 2006 4:07 da tarde, Anonymous Anónimo diz...

O universo é o palco ideal para toda manifestação pacífica. Isto é tudo. É maravilhoso. Amei este texto, Amaral. Beijo
Jo

 
At abril 13, 2006 4:40 da tarde, Blogger Conceição Paulino diz...

"Aqui e agora".
bj. Luz e paz em teu caminho.

 
At fevereiro 03, 2007 12:03 da tarde, Anonymous Anónimo diz...

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