a que foi a mulher-amor
O grito balbuciante
escoou de mansinho
por entre a neblina húmida
dum silêncio inquietante
Esfumava-se
a mulher-ternura,
a mulher-carinho,
a mulher-amor.
Despertou a mente adormecida,
e negando acreditar,
foi o coração a brandir a espada,
pra defender e lutar os dias de ontem.
De repente os céus baixaram
com doce aconchego,
desataram o nó que me prendia
à tristeza e desolução,
e estendeu-se num manto florido,
salpicado de serenidade e paz.
A luz raiou de novo
atapetando o caminho
de mil pétalas brancas e rosadas
cheias de verdades calmas.
Senti-me no colo morno
da tranquilidade que é do espírito,
p'ra ser hoje um ser d'agora
sem nenhum amanhã idealizado.
Esfumara-se
a mulher-ternura,
a mulher-carinho,
a mulher-amor.
(Amaral Nascimento)
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