Lisboa,

terça-feira, julho 25, 2006

a que foi a mulher-amor

O grito balbuciante
escoou de mansinho
por entre a neblina húmida
dum silêncio inquietante

Esfumava-se
a mulher-ternura,
a mulher-carinho,
a mulher-amor.

Despertou a mente adormecida,
e negando acreditar,
foi o coração a brandir a espada,
pra defender e lutar os dias de ontem.

De repente os céus baixaram
com doce aconchego,
desataram o nó que me prendia
à tristeza e desolução,
e estendeu-se num manto florido,
salpicado de serenidade e paz.

A luz raiou de novo
atapetando o caminho
de mil pétalas brancas e rosadas
cheias de verdades calmas.

Senti-me no colo morno
da tranquilidade que é do espírito,
p'ra ser hoje um ser d'agora
sem nenhum amanhã idealizado.

Esfumara-se
a mulher-ternura,
a mulher-carinho,
a mulher-amor.

(Amaral Nascimento)