Lisboa,

quinta-feira, julho 06, 2006

sophia de mello breyner andresen


Sophia de Mello Breyner Andressen nasceu no Porto no dia 6 de Novembro de 1919.
Em 1944, publicou o primeiro livro, POESIA, uma edição paga pelo seu próprio pai, que integra uma escolha de poemas escritos quando tinha 14 anos.
Com oitenta anos, depois de vários prémios acumulados, ao longo da sua carreira de poesia e ficção, foi galardoada com o Prémio Camões.


“A minha poesia é a minha convivência com as coisas, a minha participação no real, o meu encontro com as vozes e com as imagens, por isso o poema não fala de uma vida ideal, mas sim de uma vida concreta.”





Quando eu morrer voltarei para buscar
Os instantes que não vivi junto do mar.


*

Em todos os jardins hei-de florir,
Em todos beberei a lua cheia,
Quando enfim no meu fim eu possuir
Todas as praias onde o mar ondeia.

Um dia serei eu o mar e a areia,
A tudo quanto existe me hei-de unir,
E o meu sangue arrasta em cada veia
Esse abraço que um dia se há-de abrir.

Então receberei no meu desejo
Todo o fogo que habita na floresta
Conhecido por mim como num beijo.

Então serei o ritmo das paisagens,
A secreta abundância dessa festa
Que eu via prometida nas imagens.

*

As ondas quebravam uma a uma
Eu estava só com a areia e com a espuma
Do mar que cantava só para mim.

*

No infinito sorriso das espumas,
No chamar da maresia, no convite das brumas,
Na exaltação de cada maré cheia,
No teu ritmo de dança e bebedeira,
O que eu procuro e encontro extasiada,
É a tua alma, viva, nunca profanada.


(Antologia Mar)

18 Comentários:

At julho 06, 2006 11:12 da tarde, Blogger saltapocinhas diz...

conheço melhor a literatura infantil do que a poesia dela. Adoro!

 
At julho 06, 2006 11:59 da tarde, Anonymous Anónimo diz...

Gostei tanto! Não a conhecia.
Beijo,
Jo

 
At julho 07, 2006 8:25 da manhã, Blogger Crepúsculo Maria da Graça Oliveira Gomes diz...

Olá amigo Amaral, parabéns por falares dessa grande senhora, ela era realmente fantástica, eu adoro ler os livros dela. beijinhos amigo

 
At julho 07, 2006 10:57 da manhã, Blogger Isabel Filipe diz...

Gosto muito dos escritos dela...
....e como hoje é sexta-feira, venho desejo-te um belo fim de semana.

beijinho

 
At julho 07, 2006 11:16 da manhã, Blogger Maria Carvalho diz...

Sublime! O último livro que li, foi a correspondência dela com Jorge de Sena. Um livro fabuloso. De dois génios. Beijos, bom fim de semana.

 
At julho 07, 2006 11:35 da manhã, Blogger Carla diz...

:)
Boas escolhas!
Bom fim de semana

 
At julho 07, 2006 12:15 da tarde, Anonymous Anónimo diz...

A minha poetisa de eleição. Palavras claras, cristalinas. O mar, sempre o mar.
Beijos

 
At julho 07, 2006 2:29 da tarde, Blogger Desassossego diz...

Obrigada pela partilha de tão linda poesia... um xi...bom fim de semana

 
At julho 07, 2006 2:42 da tarde, Blogger ☆Fanny☆ diz...

Olá Amaral!

Amei a escolha que fizeste! Sophia é ETERNA...as suas poesias encantam-me! O mar...essa paixão que também eu guardo dentro de mim... deixam-me perceber o segredo das conversas que a poetisa tinha com o mar!

Há melodias que só algumas almas conseguem entender!

Um abraço de estrelinhas*

☆Fanny☆

 
At julho 07, 2006 2:57 da tarde, Blogger Sol diz...

Ainda bem que há quem consiga por em palavras que muitos outros sentem.

 
At julho 07, 2006 4:02 da tarde, Blogger Ana diz...

Escreveu poemas lindos!!

 
At julho 07, 2006 6:17 da tarde, Anonymous Anónimo diz...

Problemas com a net me têm impedido de visitar os blogs amigos que mais gosto. Agora que o consegui deparo-me com o encanto e beleza de uma das figuras femininas que muito admiro. Ela povoou também as ruas da minha memória infantil continuando na minha/sua idade adulta...

 
At julho 07, 2006 6:42 da tarde, Anonymous Anónimo diz...

Dizer Sophia é dizer MAR, aromas, cores.
Sentires únicos e tão belos

 
At julho 08, 2006 10:29 da tarde, Blogger lena diz...

Amaral, cairam-me lágrimas por Sophia, caiem sempre que a leio,
cairam aqui de novo

vive em mim a sua poesia

como digo sempre Sophia sabe [a]mar

bela homenagem , não me canso de a ler e reler, é a poetisa que adoro e está sempre presente

um beijo meu, querido amigo

lena

 
At julho 09, 2006 11:30 da tarde, Blogger sofia. diz...

Lembro-me de a encontrar na rua. Uma senhora destinta :)
(e tantas vezes tão incisiva na sua escrita)
Beijinho

 
At julho 12, 2006 4:34 da manhã, Blogger Silêncios diz...

Não poderia encontrar maior delícia de palavras,numa noite de insónia, como estas...

 
At fevereiro 17, 2007 1:16 da manhã, Anonymous Anónimo diz...

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