Lisboa,

sábado, agosto 26, 2006

carlos paião - 18 anos depois

CARLOS PAIÃO: HÁ VIDA DEPOIS DA MORTE

A frase pertence a Mário Martins que em 1978 descobriu Carlos Paião, para muitos um dos melhores compositores portugueses da segunda metade do século XX, o homem do "Play-Back", das "Trocas e Baldrocas", do "Pó de Arroz" e dos "Versos de Amor", capaz, como (muito) poucos, de escrever, num dia uma canção para Herman José e no seguinte uma outra para Amália Rodrigues, sempre com o mesmo invulgar sentido melódico e de domínio da língua portuguesa.

Carlos Manuel de Marques Paião era natural de Coimbra, cidade onde nasceu no dia 1 de Novembro de 1957. Do seu percurso profissional não consta qualquer nota de música até 1980, ano em que troca, em definitivo, a licenciatura em Medicina pela escola da canção. A partir daí dedica-se a uma panóplia de actividades várias sob o mesmo denominador comum: a música. É compositor, intérprete, instrumentista e produtor e ainda assina os arranjos para as suas próprias melodias. Mas é como letrista que o seu nome ganha dimensão maior. Do fado à canção infantil, da balada de amor à composição burlesca escreveu de tudo para todos. Amália, Pedro Couceiro, Joel Branco ou Herman José são alguns dos artistas a beneficiar do talento do poeta. A estreia, recorde-se, acontece em 1978, no Festival de Ílhavo, de onde regressa com dois prémios, nomeadamente, o de melhor intérprete. A profissionalização dá-se em 1980 e o reconhecimento, no ano seguinte, com o “Play-Back” que levou Portugal à Eurovisão. “Algarismos” é o primeiro álbum de originais.

Carlos Paião desapareceu num trágico acidente de viação, aos 31 anos, ironicamente esmagado pela aparelhagem e pelas colunas de som que transportava no carro, em 26 de Agosto de 1988, um dia depois do não menos trágico incêndio do Chiado.




Cegonha

Adeus cegonha, gosto de ti.
Há quanto tempo te não via por aí
Nem tens ninhos nos telhados
Nem as asas pelo céu
Adeus cegonha que aconteceu.

Ainda me lembro, de ouvir-te dizer.
Que tu de longe os bébés vinhas trazer
Mas os homens vão crescendo
E as cegonhas a morrer
Ainda me lembro, não pode ser.

Adeus cegonha, tu vais voar.
E a gente sonha, é bom sonhar.
No teu destino por nós traçado
Leva o menino, que é pequenino, toma cuidado. (bis)
Adeus cegonha, adeus lembrança.
A gente sonha, como criança.
Faz outro ninho, em local distante.
Vai de mansinho, mas no caminho, diz-me um segredo.

Adeus cegonha...
Lá rá la rá rá....

11 Comentários:

At agosto 26, 2006 6:08 da tarde, Blogger Leonor diz...

ola amaral. venho da ranhette.
lembro-me perfeitamente da noticia da morte deste compositor que dizia que era melhor ser um bom musico do que um mau medico.

abraço da leonoreta

 
At agosto 26, 2006 11:15 da tarde, Blogger Carla diz...

Carlos Paião PARA além da morte...
Aproveito a oportunidade para deixar votos de um bom domingo.
Bjx

 
At agosto 27, 2006 12:04 da manhã, Blogger . diz...

Em nome de todos os membros, agradeço o seu olhar atento e as palavras deixadas no “Ecos & Sussurros”. Muito me apraz que tenha inaugurado a nossa área reservada a comentários, opiniões, conselhos, os quais merecem toda a nossa atenção.
Aproveito para o felicitar pelo excelente espaço que assina e que já algum tempo acompanho, ainda que em silêncio.
Grata, mais uma vez.

 
At agosto 27, 2006 8:52 da tarde, Blogger Kalinka diz...

OLÁ AMARAL:

Parabéns pela ideia de homenagear a memória de Carlos Paião.
Grande músico e grande Homem.

Foi realmente uma perda muito grande e tão cedo, na flor da idade.

Passa no kalinka, para veres o que trouxe de novidade do meu passeio cá dentro, à procura de Paz e tranquilidade.
Beijokas.

 
At agosto 28, 2006 1:55 da manhã, Anonymous Anónimo diz...

Sempre adorei Carlos Paião. Ainda um dia destes falei nele e ontem ouvi a 'Cinderela', que é uma ternura :) Também gostava muito do 'Pó de Arroz'. Gostava de todas! Um beijo enorme :)

 
At agosto 28, 2006 1:07 da tarde, Anonymous Anónimo diz...

Doce poeta que se "perdeu"...
Ainda hoje os meus filhos sorriem qd se fala em canções na hora de dormir.O mais velho, com 19 anos, já ajudou o mais novo,com 11, a aprender o tema "Cinderela", que tantas vezes lhes cantei ao deitar...
Para ti, fica um beijo

 
At agosto 28, 2006 1:12 da tarde, Anonymous Anónimo diz...

Daqui não conheço quase ninguém das artes musicais de Portugal, pena. Parece que a vida breve de Carlos Paião cabe numa frase que uma vez ouvi: A glória é efêmera.
Tem uma boa semana, amigo.
Beijo,
Jo

 
At agosto 28, 2006 3:24 da tarde, Blogger Maria Carvalho diz...

Belíssimas palavras para Carlos Paião. Beijos.

 
At agosto 28, 2006 10:29 da tarde, Blogger ☆Fanny☆ diz...

Uma suave recordação nos deixaste... VERSOS DE AMOR...ainda cantam no meu ouvido.

Boa semana, doce amigo!

Um abraço de estrelinhas*

Fanny

 
At agosto 29, 2006 9:11 da manhã, Blogger Unknown diz...

ola amaral
foi com muita nostalgia que li esta postagem. Cresci ao som das músicas deste grande Carlos Paíão. Embora tivesse apenas 5 anos aquando da sua morte as suas melodias permanecem além do tempo.
beijo

 
At abril 09, 2007 9:35 da tarde, Anonymous Anónimo diz...

Mau, sei, quem é Carlos, mas com certeza, foi um grande homem, uma boa pessoa. De opinião e pensamentos própios, e corretos.
Obrigada, por nos trazer lembranças de uma grande pessoa. Que de tão grande, a todos, acolhia.
Beijos,
Ana Luisa Ennes Murta e Sousa.

 

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