Lisboa,

quinta-feira, março 22, 2007

uma pergunta e uma resposta num e-mail

Pergunta:
Se nós estamos a criar as nossas realidades através dos nossos pensamentos, palavras e acções, o que dizer das vítimas de crimes brutais, bombistas, actos horrendos sem sentido? Aquelas pessoas escolhem morrer daquela maneira?

Resposta:
Amiga, você fez uma pergunta muito justa e penetrante. E ela tem uma abrangência muito maior do que aquela que indicou. Porque não se trata apenas de uma intenção ou uma escolha nossa, mas também de Deus. Isto significa que é vontade de Deus (mesmo que não seja a nossa) que estas coisas horríveis devam acontecer? Filósofos e teólogos têm tentado responder a esta questão desde o início dos tempos.

Primeiramente, compreendia claramente que não há vítimas nem vilões nesta vida. Agora isso torna-se difícil aceitar, porque, a meus olhos, muitas das coisas que fazemos uns aos outros são muito cruéis, muito horríveis, e para mim as pessoas que perpetraram crimes horrendos eram para mim certamente os “vilões” da nossa sociedade. Disse ainda Deus em CwG 2, “eu não vos enviei senão anjos.” E a parábola "A pequena alma e o sol" em CwG, livro 1, explica como isto pode ser verdade.

Em resumo (relendo CwG ou o livro para crianças, "A pequena alma e o Sol) para obter a essência plena disto, a alma humana é um aspecto da divindade, escolhendo livremente experimentar a vida no universo (e, como parte dessa experiência, a vida na terra através dos tempos) como meio de recriar e experimentar-Se como quem é. No reino do relativo (que é o reino no qual nós vivemos fisicamente), você não pode experimentar Aquele Que Você É excepto no espaço dAquele Que Você Não É. Na ausência dAquilo Que Você Não É, aquilo que você é - não é!

Isto é, Alfreda, na ausência do “pequeno,” o conceito do “grande” não pode ser experienciado. Pode-se imaginar, mas não pode ser experimentado. A única maneira de experienciar uma idéia puramente conceptual, por exemplo “grande”, é experimentar uma idéia puramente conceptual tal como “pequena”. Portanto, em termos muito elementares, Alfreda, foi por isso que Deus criou o “demónio.” Para que Deus se pudesse experimentar como todo-consumidor bom, tinha que ser algo chamado como todo-consumidor demónio.

Inicialmente nada havia. Havia somente Deus. Deus é tudo aquilo que foi, tudo o que é, e tudo o que alguma vez haverá. Contudo, Deus desejava conhecer-Se na sua própria experiência. É o mesmo desejo que todos nós temos.

Na verdade, este “nós todos” de que eu falei é Deus ele-próprio. Cada parte da vida é um aspecto da divindade, buscando a expressão e a experiência do divino. Contudo, aquilo que é divino não pode conhecer e experimentar a sua própria divindade excepto na presença daquilo que não é divino. E o problema é que aquilo que não é divino não existe. Assim, desde que nós tenhamos o poder de criar alguma coisa, nós fazemo-lo simplesmente acontecer! Quero dizer, nós imaginamo-lo. Chamamo-lo fortemente.

Porém, este processo inteiro não é exclusivo de qualquer alma individual que empreende conscientemente. Nós ajustamos as nossas agendas, Alfreda, muito antes de nós entrarmos no corpo humano. Nós fazemos mesmo acordos com outros seres divinos para melhor criarmos e experimentarmos o aspecto da divindade que nós escolhemos para esta vida. Assim, não, não se pode razoavelmente dizer que, a um nível consciente, as pessoas escolheram as experiências horríveis a que muitas delas foram sujeitas. Então, o que acrescenta isto à teoria de que nós estamos criando a nossa própria realidade através dos nossos pensamentos, palavras e acções? Isto não muda nada nem um bocado.

Explica apenas o mecanismo pelo qual aquela realidade vem a ser experienciada. Como CWG explicam cuidadosamente, no momento em que pensamos, dizemos ou fazemos uma coisa que inicía o processo de expressarmos Quem Nós Somos Realmente, tudo o que é contrário aparece no espaço. Isto é necessário, a fim de ser criado um contexto dentro do qual a experiência do Eu que nós escolhemos pode ser realizada. É por esta razão que os mestres não julgam, nem condenam nada. Nada nem ninguém. Nem sequer aqueles que os perseguem. Cada religião na terra ensina o perdão como o caminho para a salvação. A maioria deles ensinam-na simplesmente pela razão errada, dizendo que nós devemos perdoar, e deixar o julgamento para Deus. Bem, a verdade é que Deus não julgará, tão pouco. Deus pedir-nos-ia que nós fizessemos algo que Deus não faria? Isso seria pedir que nós fossemos maiores do que Deus! Contudo, a razão por que Deus nunca nos julgará, e pede para não julgarmos, estará claro para nós quando regressarmos ao reino do absoluto. É então que compreenderemos outra vez a promessa de Deus: “Eu não vos enviei senão anjos.”

Recomendo vivamente que obtenha uma cópia de "A pequena alma e o Sol. E leiam-no às suas crianças - ou algumas crianças com quem você vier a ter contacto regular. Porque se as crianças compreenderem este conceito mais cedo, o mundo irá mudar.

(Newsletter CWG)

12 Comentários:

At março 22, 2007 8:49 da manhã, Blogger Maria Carvalho diz...

Quando eu compreender tudo isto, entrarei na eternidade. Penso eu. Beijos.

 
At março 22, 2007 9:12 da manhã, Blogger Jonice diz...

Experienciar, aprender, apreender, são os caminhos que levam de volta ao divino. O conhecimento conduz à luz e esta ao amor ... início e objetivo de tudo.
Penso que os atos crueis fazem parte de um equilíbrio ainda não atingido. O perdão então só vai ajudar-nos a caminhar mais rápido para ele.
Bom dia :)

 
At março 22, 2007 10:13 da manhã, Blogger Brisa do Mar diz...

"A Alma do mundo é parte da Alma de Deus e a Alma de Deus é a sua própria Alma."
Um Bom Dia para ti... BJ

 
At março 22, 2007 2:31 da tarde, Anonymous Anónimo diz...

Amaral, vim aqui movido pela admiração que me causou um comentário teu na última postagem da nossa amiga Secreta. Vim e deparei-me com um blog de excelente qualidade, com posts inteligentes, atuais, com magníficas reflexões. Uma narrativa tua, lá pelos idos de janeiro/2005 reportou-me a experiências que estou sempre tendo e que, após sucedidas, me trazem um bem-estar incomum, ou me levam para as soluções de problemas ou conflitos que até então estavam sendo vividos.

Igualmente belos os teus poemas.

Foi um prazer ter estado aqui, e prometendo voltar, deixo um abraço afetuoso e votos de dias de alegria e paz junto aos teus.

 
At março 22, 2007 4:43 da tarde, Blogger Moura ao Luar diz...

Boa semana de primavera

 
At março 22, 2007 6:38 da tarde, Blogger Poemas e Cotidiano diz...

Meu querido amigo Amaral:
Que linda reflexao. Realmente a sua amiga pegou profundo. E eh uma grande verdade se pensarmos bem.
Mas sua resposta, meu amigo, esta simplesmente perfeita! Diria, mais do que perfeita.

Um beijo carinhoso
MARY

 
At março 22, 2007 9:26 da tarde, Blogger tb diz...

Lendo isto e meditando...quando conseguirmos a perfeição iremos para outro patamar da vida.

 
At março 23, 2007 10:02 da manhã, Anonymous Anónimo diz...

Olá.
Passei para te visitar e desejar bom fim de semana.
Beijito.

 
At março 23, 2007 10:13 da manhã, Blogger ...HOJE.SOU.A.PAULA diz...

Amaral,

Gosto de aprender, crescer e reflectir. Estar perto de ti é obter tudo isto.

Beijinho

 
At março 23, 2007 12:54 da tarde, Anonymous Anónimo diz...

talvez sim ,talvez não..um pouco de caos faz bem ao coração

 
At março 23, 2007 2:52 da tarde, Blogger Cris diz...

É sextafeira!!!!! Yupiii!!!!

Bom Wk

Beijinhos

Cris

 
At março 23, 2007 4:22 da tarde, Anonymous Anónimo diz...

boa tarde, amaral. uma mensagem de esperança que sem dúvida deve ser levada em conta no coração de cada um dos leitores. eu gostei muito de ler. um beijinho grande. e bom fim de semana.

 

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