Lisboa,

sábado, março 07, 2009

retalho do monte

Vou falar-te duma montanha,
para lá daqueles montes
cercados de nuvens brancas...
Quando a vi naquele dia
brilhava com um explendor
que jamais imaginara existir...
A folhagem debaixo dos pés
cantarolava sons
que pareciam melodias
vindas dos anjos.
Estendi-te a mão para te ajudar
e vi teus olhos luzirem
com as cores dum pirilampo
dependuradas ao pescoço...
Tinhas cabelos rosados
brilhavam ao sol poente
ora castanhos tisnados
ora ruivos reluzentes...
À tua volta era verde
verde coado de luz
em farrapos descontínuos
unindo o cimo do monte
ao rio que em baixo corria...
Mas o teu brilho só brilhou
o teu riso estrondou
as tuas faces rosaram
o teu coração pulou
quando viste a minha mão
molhada cheia de vida
dum fio de água que escorria
vindo de dentro do monte
que explodia à nossa frente
entre pedras luzidias
entre bocados do sol
entre verdes que não existem
entre murmúrios da fonte
mãe quieta adormecida
sabendo que dava a vida
àquele retalho do monte.

(Amaral Nascimento)


5 Comentários:

At março 07, 2009 12:16 da manhã, Blogger Poemas e Cotidiano diz...

Querido Amaral!
Que poesia magnifica! Sabe o que parece? Uma pintura de um quadro...ou uma cena de filme.
Voce escreve com tamanha realidade, e tamanha verdade, e com uma ternura aos detalhes, que realmente eh comovente.
Lindo Amaral! Amei!
Beijos querido amigo que muito amo!
MARY

 
At março 07, 2009 1:08 da manhã, Anonymous Anónimo diz...

Olá Amaral, meu querido.
Se fechar os olhos, quase te posso tocar, tal a descrição...!!!
Lindas as palavras, os sentidos, os desejos e tu, tb.....
Tão lindo!!!!
Começo a sentir, realmente, de olhos fechados!
Lindo mesmo!

 
At março 07, 2009 1:34 da manhã, Blogger Eli diz...

Muita ternura! Ajudar alguém que nos dá a sua mão sem exigências é sinónimo de amor!

:)

 
At março 07, 2009 7:06 da tarde, Blogger Je Vois La Vie en Vert diz...

É tão bela a tua maneira de dar vida àquele retalho do monte !

beijinhos verdinhos

 
At março 13, 2009 12:17 da tarde, Blogger Paula Raposo diz...

Tão doce, Amaral! Beijos.

 

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