Lisboa,

quarta-feira, maio 20, 2009

tu não és o teu corpo

Quando, um dia, li pela primeira vez a afirmação "Tu não és o teu corpo!", fiz uma pausa na leitura.
Eu, que tenho um nome e tenho uma personalidade, tenho igualmente uma mente e um corpo. Disso, eu não tenho qualquer dúvida. O nome foi-me atribuído para me distinguir dos "demais", criei a minha personalidade ao longo dos anos, e tenho uma parte mental donde brotam os pensamentos. E o meu corpo, esse é fisicamente visível, tratado com cuidado e carinho, na maior parte do tempo, e reconhecido como a minha pessoa, logo que apareço a alguém.
Então, eu não sou o meu corpo?
Hoje, neste momento, já não me é difícil reconhecê-lo. Eu não sou (apenas) o meu corpo, porque "outra" coisa eu tenho que ser. Outra coisa mais profunda, muito mais desligada dos sentidos, uma coisa que "seja" para muito mais tempo do que o corpo que "está" aqui neste momento.
Eu "tenho que ser" qualquer coisa para além do corpo. Tenho que ser uma coisa que continue a ser, depois do corpo se calar. Eu tenho que ser o que sempre fui e não deixe de ser. Mais evoluído, menos evoluído - seja como fôr - "eu" só me posso imaginar como "algo" que sempre foi, como "algo" que estou a ser, como "algo" que hei-de continuar a ser.
Doutra forma, se assim não fosse, como me vou eu imaginar para além desta vida, ou como me posso imaginar, antes de aqui chegar? O que fui? Para onde vou? O que serei?
Desaparecido o corpo físico, "desapareço" eu também? A minha mente "esvai-se" e deixo de pensar? E de sentir? Quando "morrer" transformo-me em nada? Nada? O que é o nada?...
Eu não sou o meu corpo! Eu não sou a minha mente! Não sou apenas isso! Assim, faz todo o sentido!
Eu sou! Eu fui! Eu serei sempre!
Assim, fico em paz. Para além daquilo que os meus sentidos detectam, eu tenho um "eu" que não desaparece, tenho um "eu" onde os sentimentos se acumulam, tenho uma alma com uma linguagem própria - e essa vai prevalecer. Para além do corpo físico, para além dum "ego" construído ao longo dos anos - para além do universo, noutro universo, noutra dimensão ou a um outro nível de consciência - eu continuarei a ser!

(6/2/2005)

8 Comentários:

At maio 20, 2009 10:29 da manhã, Blogger Paula Raposo diz...

Ainda tenho algumas dúvidas sobre o assunto. Mas vou pensando...beijos.

 
At maio 20, 2009 10:50 da manhã, Anonymous Elsa diz...

É isso mesmo, Amaral!

 
At maio 20, 2009 2:49 da tarde, Blogger Carla diz...

assim é...somos um todo
beijo

 
At maio 20, 2009 6:12 da tarde, Blogger Fá menor diz...

Eu não sou o meu corpo, acho melhor dito assim...

Sou muito mais do que o meu corpo, e o que vai para além dele é muito maior.

Bjins

 
At maio 21, 2009 10:59 da manhã, Blogger Je Vois La Vie en Vert diz...

Sou um todo : corpo e alma.
Não acredito na re-incarnação.

Quando chegar a altura da minha morte, o meu corpo ficará um tempo na terra para desaparecer para sempre mas acredito que a alma viverá eternamente. Acredito na ressureição mesmo sendo um mistério.

Enquanto estiver aqui na terra tenho que tomar conta do meu corpo e da minha alma convenientemente, é que o tento fazer...

Beijinhos, caro Amaral, é sempre um prazer visitar-te

 
At maio 21, 2009 7:54 da tarde, Anonymous Ana Paula diz...

Olá Amaral...
Este teu texto, poderá fazer pensar profundamente muitas pessoas, ou não...!
Quanto a mim, espero mesmo continuar esta caminhada enquanto puder e necessitar!
Serei sempre esta "forma" sorridente, independentemente da "caixinha" que me transporte.
Acredito, sempre acreditei!
Talvez pela educação que tive e crença, de pessoas excepcionais!
Beijo lindo e fica bem.

 
At maio 22, 2009 1:35 da manhã, Blogger Ana diz...

Só esse "eu" que vai permanecer , dá algum sentido à caminhada que fazemos.
Um beijo, Amaral.

 
At maio 22, 2009 3:59 da tarde, Blogger Secreta diz...

Creio que somos corpo e mente...
Um conjunto.
Beijito.

 

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