Lisboa,

terça-feira, setembro 15, 2009

o primeiro amor


Questão curiosa nesta Filosofia, é qual será mais precioso e de maiores quilates: se o primeiro amor, ou o segundo?
Ao primeiro, ninguém pode negar que é o primogénito do coração, o morgado dos afectos, a flor do desejo, e as primícias da vontade. Contudo, eu reconheço grandes vantagens no amor segundo.
O primeiro é bisonho, o segundo é experimentado; o primeiro é aprendiz, o segundo é mestre: o primeiro pode ser ímpeto, o segundo não pode ser senão amor.
Enfim, o segundo amor, porque é segundo, é confirmação e ratificação do primeiro, e por isso não simples amor, senão duplicado, e amor sobre amor.
É verdade que o primeiro amor é o primogénito do coração; porém a vontade sempre livre não tem os seus bens vinculados.
Seja o primeiro, mas não por isso o maior.

(Padre António Vieira, in "Sermões")

3 Comentários:

At setembro 15, 2009 7:58 da manhã, Blogger Paula Raposo diz...

E está uma pergunta à qual não sei responder. Mas sei que discordo do Padre António Vieira! Beijos.

 
At setembro 16, 2009 2:35 da manhã, Blogger Poemas e Cotidiano diz...

Meu querido Amaral:
Acho que o primeiro amor eh a descoberta das sensacoes em nossa mente e corpo. Eh a vivencia de algo que nao conhecemos. Mas depois que conhecemos, entao eh diferente. Sabemos reconhecer, sabemos o tipo de sentimento que eh. Entao acho que o primeiro amor eh mais IMPETO, o primeiro amor eh mais uma aproximacao curiosa e mais superficial. O segundo amor (ou o terceiro) ele vai a essencia, buscando a SINTESE.

Beijos querido
MARY

 
At setembro 16, 2009 11:11 da tarde, Blogger Chill on Kaos diz...

O primeiro Amor só será maior se for o único.. Depois de se viver um grande primeiro amor, só se chamará de amor ao segundo se este for maior. Ou não será amor, certamente...
O primeiro será o mais marcante, pois foi a descoberta do sentir dos sentidos. O segundo será a odisseia dos sentidos no sentir...
E se é grande a viagem, e segura do querer conhecer e dar a conhecer.
Amaral, digo com segurança que encontrei, também eu, um banquinho para me sentar, aqui, no teu cantinho. E estou feliz por isso, e estou a amar este recanto, do recanto da tua alma... Aquele abraço de carinho e gratidão por existires, por, sem acaso, ter-te encontrado, enquanto me ajudas a encontrar-me, todos os dias, mais um bocadinho de mim, que andava perdido ou negado...

 

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