Lisboa,

quinta-feira, junho 10, 2010

o símbolo perdido


"Peter, a Bíblia e os Mistérios Antigos são absolutamente opostos. Os mistérios têm tudo a ver com o deus que temos dentro de nós... o homem como deus; a Bíblia tem tudo a ver com o Deus acima de nós... e com o homem como um pecador impotente."
"Sim! Exactamente! Acabaste de pôr o dedo na ferida! No momento em que a humanidade se separou de Deus, perdeu-se o verdadeiro significado da Palavra. As vozes dos mestres antigos estão agora abafadas, perderam-se no ruído caótico dos autoproclamados praticantes a gritarem que só eles compreendem a Palavra... que a Palavra está escrita na sua língua e em mais nenhuma."
Peter continuou a descer as escadas.
"Robert, ambos sabemos que os antigos ficariam horrorizados se vissem a forma como os seus ensinamentos têm sido pervertidos... a forma como a religião se estabeleceu como uma portagem para o Céu... como os guerreiros marcham para a batalha acreditando que Deus favorece a sua causa. Nós perdemos a Palavra, contudo o seu verdadeiro significado ainda está ao nosso alcance, mesmo diante dos nossos olhos. Existe em todos os textos eternos, da Bíblia ao Bhagavad-Gita, ao Alcorão, etc. Todos esses textos são reverenciados nos altares da Franco-Maçonaria, porque os maçons compreendem aquilo que o mundo parece ter esquecido... que cada um desses textos, à sua maneira, sussurra serenamente a mesma mensagem." - A voz de Peter ficou embargada pela emoção. - "Não sabeis que sois deuses?"
...
"A minha investigação levou-me a acreditar no seguinte - disse Katherine. - Deus é muito real, é uma energia mental que invade tudo, e nós, como seres humanos, fomos criados a essa imagem..."
"Desculpe? - interrompeu Langdon. - Criados à imagem de... energia mental?"
"Exactamente. Os nossos corpos físicos evoluíram ao longo das eras, mas foram as nossas mentes que foram criadas à imagem de Deus. Temos lido a Bíblia de forma demasiado literal. Aprendemos que Deus nos criou à sua imagem, mas não são os nossos corpos físicos que se assemelham a Deus, mas sim as nossas mentes."
Langdon estava agora calado, totalmente absorto.
"Esta é a grande dádiva, Robert, e Deus está à espera de que a compreendamos. Em todo o mundo estamos a olhar para o céu, à espera de Deus... sem perceber que Deus está à nossa espera." - Katherine fez uma pausa, deixando que as suas palavras fossem devidamente digeridas. - Nós somos criadores e, contudo, desempenhamos ingenuamente o papel de "entidades criadas". Vemo-nos como cordeiros indefesos guiados pelo Deus que nos fez. Ajoelhamo-nos, como crianças assustadas, a pedir ajuda, perdão e sorte. Mas assim que percebemos que fomos mesmo criados à imagem do Criador, começamos a perceber que também nós devemos ser Criadores. Quando compreendemos esse facto, as portas abrem-se de par em par ao potencial humano."

(Dan Brown in O símbolo perdido)

1 Comentários:

At junho 11, 2010 1:05 da manhã, Blogger Laura diz...

Xiiiiiiiiiiiiiiiii .Há quantos anos não nos vemos ó Amaral? Valha-nos..há séculos parece.
Como é, vamos indo? parece que sim.
Pois é, nascemos e crescemos sendo ensinados a olhar Deus de outras formas e feitios, só mais tarde cada um por si, será capaz de levar o pensamento a fluir de forma diferente. Já faço isso, e devagar lá chegarei...
Um abraço apertadinho da laura

 

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