Lisboa,

sexta-feira, abril 22, 2011

mar


Oh, mar bravio e enorme!
Falas de longe e de perto
murmúrios e roucos gritos,
até pro distante deserto...
Falas de mim, eu bem sei!
Falas do corpo que grita,
falas pra todos que andam
sobre a onda que se agita...

Bradaste da chuva,
bradaste do sol,
e quando a chuva caíu,
entre os raios do sol vencido,
soltaste o medo da gente,
como se a morte surgisse
detrás da nuvem sombria,
sem saber que a morte mente...

Não sei se me ouves,
se a tua voz me assusta;
Quando te abraço sem jeito,
quando me enleio no carinho,
não acredito que um dia
roubaste a vida de tantos
se cruzaram no teu caminho...

Que grito é esse que ecoas,
que espumas tão sabiamente
retiras desse teu ventre?...
Talvez um dia reveles
a fonte que te deu vida,
o senhor da tua sorte,
aquele que lá do fundo
dá vida a toda a morte...


(Amaral Nascimento)



2 Comentários:

At abril 22, 2011 1:46 da manhã, Blogger Unknown diz...

Mar cúmplice.....que saudades tenho ele!
Lindas e enormes as tuas palavras, aliás...como sempre.
Bjinho e bom fim de semana.

 
At abril 22, 2011 3:28 da tarde, Blogger MM - Lisboa diz...

Muito bonita esta "ode" ao mar.
bjs

 

Enviar um comentário

<< Home