Lisboa,

sábado, setembro 10, 2011

sem princípio nem fim




Quero-me na tua boca,
no céu quente, repleto
da espuma molhada
da tua saliva.

Quero-me firme e vibrante,
dono da tua língua,
senhor dos teus lábios
suculentos de mel,
adocicados com mil sabores.

Quero-me no fundo de ti,
no gargarejar de amor,
no desejo luxuriante,
no deambular estonteante,
no fluxo travesso
do êxtase enlouquecido.

Sem princípio nem fim,
no impossível de continuar,
no ribombar do universo,
na explosão do caos maior,
no extorquir das forças,
no big-bang do pensamento -
- dei-te o princípio e o fim,
o grito,
o pranto,
o esvaziar dum todo cheio,
o oceano de mil vidas
e fiquei entre os teus lábios,
terno,
brilhante,
quente ainda,
tocado com tal doçura,
com tanto encanto e prazer
que os teus olhos cantaram
uma canção de embalar,
até que o dia veio nascer...

(Amaral Nascimento)



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