Lisboa,

terça-feira, agosto 07, 2012

o caminho da alma


Assim, a primeira "perspectiva da vida" surge através dos primeiros anos de vida de uma primeira existência humana. O ser humano nascido pela primeira vez preferiria naturalmente seguir apenas a intenção de vida da sua alma - o dharma. Contudo, na prática, reage e actua automaticamente de acordo com aquilo que lhe foi incutido pelos seus pais nos primeiros cinco anos de vida.
É precisamente desta forma que os sentimentos e os pensamentos entram pela primeira vez em conflito interior. O caminho do coração, ou seja, da alma, e o caminho do "ego", ou seja, da personalidade pensante, afastam-se.
Com o seu padrão aprendido de reacção e de actuação, o Homem constrói na sua primeira vida relacionamentos com outros e com as suas almas. Algumas dessas pessoas fazem parte da sua família de almas e irão acompanhá-lo constantemente ao longo de todas as incarnações. Deste modo, é criada uma rede de almas relacionadas umas com as outras. Alguns destes relacionamentos estão em desequilíbrio, porque as almas - distribuídas por muitas vidas - se encontram no meio do jogo de acção e reacção.
Imaginemos que tinhamos pedido uma grande quantidade de dinheiro emprestada a alguém e não conseguíamos restituí-la. Em suma, éramos o "tomador". Como é que nos sentíamos como receptor? Somos livres? Podemos convencer-nos a nós próprios de que estamos despreocupados? Podemos libertar-nos através da meditação? Ou deixando subitamente de gostar do outro? Poderíamos morrer convencendo-nos em pensamentos de que "tudo na minha vida está em ordem"?
Se o valor tomado de empréstimo for suficientemente elevado, nem sequer ficaríamos realmente desonerados se o credor dissesse: "Não faz mal, eu perdoo -te a dívida." Talvez no caso de pequenos montantes isso talvez ainda passasse como um presente, mas não no caso de um grande valor. Continuaríamos a ter a sensação de que tínhamos de ressarcir o outro de algo. Seríamos "seus devedores". Só nos conseguiríamos realmente liberar disso, se pagássemos as dívidas. Quer fosse através da restituição do dinheiro, ou "devolvendo" algo do mesmo valor, ou realizando prestações sob a forma de actos. O que quer que fosse aceite pelo credor como equivalente. Ou teríamos a sensação de que devíamos fazer algo de bom para a comunidade com uma parte do dinheiro, para nos voltarmos a sentir bem.

(Ruediger Schache in O segredo de Deus)

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