Lisboa,

sábado, agosto 18, 2012

perdas



Muito daquilo que é importante para mim e me dá prazer é-me constantemente retirado. Quase que já não me atrevo a desejar algo de bom, porque, ademais, isso também não fica junto de mim. Parece-me que estou a ser castigado.

Se estas palavras ou palavras semelhantes descreverem agora com precisão a nossa situação actual, isso não significa, de maneira nenhuma, que estejamos "a fazer algo de errado". Pelo contrário, no caminho de regresso da fonte para a alma (e, por conseguinte, de nós), vai-se perder cada vez mais daquilo que foi acumulado pelo mundo material e sensorial durante a longa viagem. Como seres humanos pensadores no mundo material , vivenciamos isso, então, como se tivéssemos sempre de largar algo, especialmente quando esse algo tem importância para nós. Vivenciamos a sensação de perda.
Talvez vivenciemos algumas perdas - particularmente, quando se trata de pessoas amadas, objectos bonitos ou circunstâncias de vida agradáveis - como sendo injustas ou como um castigo. Provavelmente, até nos alegremos com outras perdas, porque finalmente há algo que não nos fazia realmente felizes que se afasta da nossa vida. Por vezes, poderíamos acreditar que todos os presentes e perdas estão relacionados com um sistema de recompensa e de castigo.
Porém, não é de todo assim. Na realidade, aqui ninguém é castigado, mas a alma é libertada. Se, quando isso acontece, há uma situação desagradável que se liberta, ficamos contentes. Se há uma boa situação que nos abandona, talvez reclamemos. Porém, é só o intelecto que pensa assim, no seu mundo material de ganhos, posses e perdas. Mas Deus não castiga e Deus não recompensa. O Grande Consciente não avalia e não julga. O que quer que aconteça, tal significa apenas o seguinte: dá-se a Criação. O destino concretiza-se para que a alma possa ser livre.

(Ruediger Schache in O Segredo de Deus)

1 Comentários:

At agosto 28, 2012 9:06 da tarde, Blogger Cláudia diz...

Sabes Amaral, isto é tão verdade! O ser humano tem a tendência para ver tudo como castigo ou recompensa.Eu já fiz parte dessa crença colectiva.Felizmente que essa e outras crenças me fizeram sofrer o suficiente, para que eu pusesse todas em causa e fosse à procura de outras, que sentisse como verdadeiras para mim.Eu nunca me conformei com o Deus que me queriam "vender".Nos meus tempos de adolescência declarava a quem quisesse ouvir que Deus não existia.E tinha razão.O Deus que me descreviam, não ressoava no meu coração.Era apenas mais um ditador, uma figura autoritária, implacável.
Eu procurava um Deus do amor, que não me impusesse condições, e sobretudo que não fosse mais um a dizer-me que eu tinha nascido com defeito.E encontrei! Oh se encontrei...! E ao encontra-lo, percebi que tudo o que tive e terei lhe pertence.Foi a vida que me emprestou.E quando a vida decidir, eu deixo-a levar.Por vezes com a maior facilidade do mundo, e outras com a dor que o apego promove.Mas mesmo ai, mais cedo ou mais tarde, eu sorrio.Porque sei que um dia a vida ira reclamar-me também.E que nada do que aqui encontro me ira fazer falta...Beijinho amigo...

 

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