Lisboa,

sábado, setembro 30, 2006

james dean - 51 anos depois


Foi a 30 de Setembro de 1955 que JAMES DEAN se despitou ao volante do seu Porsche Spyder — morreu aos 24 anos.

Num tempo de tantas (e tão gratuitas) evocações de calendário, importa lembrar que James Dean foi, de facto, uma figura radical na história de Hollywood da década de 50. Bastaram três filmes: «A Leste do Paraíso», de Elia Kazan, «Fúria de Viver», de Nicholas Ray, e «O Gigante», de George Stevens — apenas o primeiro estreou com ele ainda vivo.

Muito sob a influência de Kazan, Dean impôs, a par de Marlon Brando (que rodara, entretanto, «Um Eléctrico Chamado Desejo» e «Há Lodo no Cais», ambos também com direcção de Kazan), um novo estilo de representação. Mais do que isso: a sua presença enigmática, densa de emoções e e sugestões, abria espaço para uma nova visão do adolescente, da sua singularidade psicológica e também dos seus laços familiares e sociais.

Em 2005, os três títulos marcantes de James Dean foram reeditados em DVD (ed. Warner), favorecendo um processo hoje em dia fundamental na percepção do cinema e da sua história: a revisitação de um universo onde, de facto, se estavam a refazer as bases do classicismo e, em particular, os modos de entendimento do trabalho do actor e da sua relação com a câmara.




terça-feira, setembro 26, 2006

os astros e as estrelas


O Dr.Joseph Murphy não tem dúvidas, nem nos dá a mais pequena hipótese de duvidar.
"Deixe-me explicar-lhe uma coisa acerca das estrelas. Acredite no Deus que criou as estrelas; não acredite numa coisa criada; não acredite nas estrelas."

Nas páginas dos jornais, das revistas, da internet são milhares as pessoas que se dizem com o dom de predizer, de prever, de calcular, de sugestionar. Centenas atrevem-se todos os anos e todos os dias a envergonhar sistemas de vida a que chamam profissões. As falsas previsões contam-se aos milhares. Mas, ainda assim, as pessoas acreditam e gastam rios de dinheiro consultando videntes, cartomantes e afins.

"O que está em causa não são as estrelas nem a sua posição, não é a bola de cristal; não é o facto de você ter nascido malfadado. Não é a sua carga genética. É devido à forma como a sua mente está moldada que as coisas lhe acontecem. É assim que você molda o seu próprio destino. É a crença racial das pessoas que se concretiza. Quando milhões de pessoas acreditam que, por terem nascido sob o signo de Leão, terão determinadas características, isso deve-se à crença que têm. Ou se, por ter nascido sob o signo de Carneiro, você quer estar sempre acima ou à frente de todos, seja de que maneira for, ou outras coisas desse género... Todas estas qualidades de Deus estão dentro de si.
A questão é a crença, como declarou Ernest Holmes acerca destes assuntos, e não a coisa em si."

O poder que move o mundo encontra-se dentro de nós.
Se acreditarmos plenamente num pensamento, ele expressar-se-à na nossa realidade. Seja ele que pensamento for. Aliado à palavra, dobra o seu poder no acto criativo.
Apenas isso.
A crença continua a ser o motor principal dos nossos comportamentos.

sábado, setembro 23, 2006

de novo

Vim de novo ouvir
a melodia que
o mar veio cantar

Espumam as ondas
no silêncio bravio
da praia deserta

Vou entoando
os versos lânguidos
do negro sentido
que as pegadas desenham
quando um zumbido
escondido
e sonoro
espalha em retalhos
pequenos de luz
o sonho louco
constante e doce
de sentir o amor


(Amaral Nascimento)



quinta-feira, setembro 21, 2006

contemplação silenciosa



"Aquilo em que te concentras nos momentos de solidão pode ter um efeito profundo em ti - principalmente se te concentrares nisso muitas vezes.
Por isso, escolhe bem aquilo em que te concentras muitas vezes.
Por exemplo, ao escolheres a música que queres ouvir, repara no tipo de concentração a que esta te convida. Vê que tipo de energia provoca. Se a música for cantada, lê a letra. Vê onde te "leva" essa música. É aí que queres "estar"?
Não julgues se é "boa" ou "má" (e não deixes que ninguém o faça). Pergunta simplesmente a ti mesmo, é nesta energia que me quero concentrar?
Se te concentrares na tua alma - através da música ou de qualquer outro meio -, acabarás por encontrá-la. Acabarás por descobri-la. Claro que não estarás realmente a "encontrar" ou a "descobrir" nada, mas sim a tomar consciência daquilo que sempre ali esteve."

(Neale Walsch in "CCD para adolescentes")

quarta-feira, setembro 20, 2006

parabéns Gui


O Sol nasceu
os passarinhos cantam
as flores dançam
nos jardins do céu.

PARABÉNS, GUI
Porque
este
é o
TEU DIA!

segunda-feira, setembro 18, 2006

parede de vida

Negra torrente de cor
brota dura no teu quarto.
O dia e a noite
já são um,
estampados, corpulentos,
na parede escorreita
dum passado deslumbrante.

Vieram feras, vieram aves,
todas no sombrio grasnar
da fresta escura
projectada na alva redoma
das doces recordações.

Os meus passos são as aves
e as feras os meus braços
apagando as imagens
luzidias
da minha paixão.

As garras da vitória
descobrem a nudez vazia
duma parede de vida.
O silêncio esbarra disforme
no esvoaçar dormente
duma vida que renasce.

O sonho da paixão
rebenta no astro
dum desejo reaparecido...

(Amaral Nascimento)

sexta-feira, setembro 15, 2006

Bocage


Poeta lírico neoclássico português, que tinha pretensão a vir a ser um segundo Camões, mas que dissipou suas energias numa vida agitada. Nasceu em Setúbal, em 15/09/1765 e morreu em Lisboa (21/12/1805), aos 40 anos de idade, vítima de um aneurisma. Nos últimos anos o poeta vivia com uma irmã e uma sobrinha, sustentando-as com traduções de livros didácticos. Para viver seus últimos dias, inclusive, teve de valer-se de um amigo (José Pedro da Silva) que vendia, nas ruas de Lisboa, suas derradeiras composições: Improvisos de Bocage na Sua Mui Perigosa Enfermidade e Colecção dos Novos Improvisos de Bocage na Sua Moléstia.
Filho de um advogado, fugiu de casa aos 14 anos para juntar-se ao exército. Foi transferido para a Armada dois anos depois. Como integrante da Academia da Armada Real, em Lisboa, dedicou seu tempo a casos amorosos, poesia e boémia.
Em 1786 foi enviado, tal qual seu herói Camões, para a Índia (Goa e Damão) e, também como Camões, desiludiu-se com o Oriente. Depois, por vontade própria e à revelia de seus superiores, dirigiu-se a Macau, voltando a Portugal em 1790. Ingressou então na Nova Arcádia — uma academia literária com vagas vocações igualitárias e libertárias —, usando o pseudónimo de Elmano Sadino. Contudo, de temperamento forte e violento, desentendeu-se com seus pares, e suas sátiras a respeito deles levou à sua expulsão do grupo. Seguiu-se uma longa guerra de versos que envolveu a maior parte dos poetas lisboetas.
Em 1797, acusado de heresia, dissolução dos costumes e ideias republicanas, foi implacavelmente perseguido, julgado e condenado, sendo sucessivamente encarcerado em várias prisões portuguesas. Ali realizou traduções de Virgílio, Ovídio, Tasso, Rousseau, Racine e Voltaire, que o ajudaram a sobreviver seus anos seguintes, como homem livre.
Ao recuperar a liberdade, graças à influência de amigos, e com a promessa de criar juízo, o poeta, envelhecido, parece ter abandonado a boémia e zelado até seus últimos momentos por impor aos seus contemporâneos uma imagem nova: a de homem arrependido, digno e chefe de família exemplar. Sua passagem pelo Convento dos Oratorianos (onde é doutrinado, logo após sua saída da cadeia) parece ter contribuído para tal.
Portugal, na época de Bocage, era um império em ruínas, imerso no atraso, na decadência económica e na libertinagem cortesã, feita às custas da miséria de servos e operários, perpetuando o pantanal cinzento do absolutismo e das atitudes inquisitoriais, da Real Mesa Censória e dos calabouços destinados aos maçons e descontentes.
Ninguém encarnou melhor o espírito da classe dirigente lusitana do fim do século XVIII do que Pina Manique. Ex-policial e ex-juiz, conquistou a confiança dos poderosos, tornando-se o grande senhor do reinado de D. Maria I (só oficialmente reconhecida como louca em 1795), reprimindo com grande ferocidade tudo o que pudesse lembrar as "abomináveis ideias francesas". Graças a ele, inúmeros sábios, cientistas e artistas conheceram o caminho do exílio.
Bocage usou vários tipos de versos, mas fez o melhor no Soneto. Não obstante a estrutura neoclássica de sua obra poética, seu intenso tom pessoal, a frequente violência na expressão e a auto-dramatizada obsessão face ao destino e à morte, anteciparam o Romantismo.
Suas poesias, Rimas, foram publicadas em três volumes (1791, 1799 e 1804). O último deles foi dedicado à Marquesa de Alorna, que passou a protegê-lo.
Os poemas não censurados do autor são geralmente convencionais e bajulatórios, copiando a lição dos mestres neoclássicos e abusando da mitologia, uma espécie de poesia académica feita por e para iniciados. Outra parcela de sua obra é considerada pré-romântica, trazendo para poesia o mundo pessoal e subjectivo da paixão amorosa, do sofrimento e da morte.
Já sua poesia censurada surgiu da necessidade de agradar ao público que pagava: com admirável precisão, o poeta punha o dedo acusador nas chagas sociais de um país de aristocracia decadente, aliada a um clero corrupto, comprometidos ambos com uma política interna e externa anacrónica para aquele momento. Também está presente ali a exaltação do amor físico que, inspirado no modelo natural, varre longe todo o platonismo fictício de uma sociedade que via pecado e imoralidade em tudo o que não fosse convenientemente escondido.


(Pesquisa e adaptação de Assis Machado)



SONETO DO PRAZER MAIOR

Amar dentro do peito uma donzela;
Jurar-lhe pelos céus a fé mais pura;
Falar-lhe, conseguindo alta ventura,
Depois da meia-noite na janela:

Fazê-la vir abaixo, e com cautela
Sentir abrir a porta, que murmura;
Entrar pé ante pé, e com ternura
Apertá-la nos braços casta e bela:

Beijar-lhe os vergonhosos, lindos olhos,
E a boca, com prazer o mais jucundo,
Apalpar-lhe de leve os dois pimpolhos:

Vê-la rendida enfim a Amor fecundo;
Ditoso levantar-lhe os brancos folhos;
É este o maior gosto que há no mundo.


AUTO-RETRATO

Magro, de olhos azuis, carão moreno,
Bem servido de pés, meão na altura,
Triste de facha, o mesmo de figura,
Nariz alto no meio, e não pequeno:

Incapaz de assistir num só terreno,
Mais propenso ao furor do que à ternura,
Bebendo em níveas mãos por taça escura
De zelos infernais letal veneno:

Devoto incensador de mil deidades,
(Digo de moças mil) num só momento
Inimigo de hipócritas, e frades:

Eis Bocage, em quem luz algum talento:
Saíram dele mesmo estas verdades
Num dia, em que se achou cagando ao vento.



quarta-feira, setembro 13, 2006

anjos e demónios

A viagem da dúvida é longa e persistente. Anima-nos a alegria de que, um dia, o caminho será feito de luz e de margens cintilantes.
E os instantes, tão próximos e quentes, vestem-nos daquela esperança escondida na zona profunda do ser, mas que nasce, amiúde, para realidades sempre maiores.
A religião e a ciência confundem-se, mas o homem prepara-se para abraçar a verdade que sente cada vez mais próxima.
Da página 129 retirei este pedaço, descansando um pouco o frenesim da história contada em capítulos curtos:

- A religião é como a linguagem, ou a maneira de vestir. Somos atraídos para as práticas em que fomos educados. No fim, porém, todos proclamamos a mesma coisa. Que a vida tem um significado. Que estamos gratos ao poder que nos criou.
Langdon parecia intrigado.
- O que está a dizer, então, é que sermos Cristãos ou Muçulmanos depende apenas do lugar onde nascemos?
- Não é óbvio? Veja a difusão da religião no mundo.
- A fé é então aleatória?
- De modo nenhum. A fé é universal. Os nossos métodos específicos de entendê-la é que são arbitrários. Alguns de nós rezamos a Jesus, outros vão a Meca, outros estudam partículas subatómicas. No fundo, andamos todos simplesmente à procura da verdade, uma verdade maior do que nós.
Langdon desejou que os seus alunos soubessem exprimir-se com a mesma clareza. Raios, desejou que ele próprio soubesse exprimir-se com a mesma clareza.
- E Deus? - perguntou. - Acredita em Deus?
Vittoria ficou silenciosa durante muito tempo.
- A ciência diz-me que Deus deve existir. O meu cérebro diz-me que nunca serei capaz de compreender Deus. E o meu coração diz-me que não deverei conseguir.

(Dan Brown in Anjos e Demónios)

sábado, setembro 09, 2006

forever with God





"You and God are One!
There is no separation between you!
Life is God made physical."


Ainda que pequeno,
este extracto é para ouvir
e ouvir
e ouvir
e ouvir...



quinta-feira, setembro 07, 2006

um dia...

Um dia
sonharei
outros sonhos

Verei o que
os olhos não viram

e
contemplarei outro mundo
num espelho
com o meu rosto...


(Amaral Nascimento)

segunda-feira, setembro 04, 2006

mãe-terra


A terra não ofereceu apenas à tua mãe a matéria-prima indispensável para tecer o teu corpo, ela permitiu-te cada dia sustentá-lo e fazê-lo crescer. Pois:
- se deixas de respirar
- se deixas de beber e de comer
- se deixas de te expor aos raios da luz... tu morres.
Dito de outra maneira, para viveres, tens absolutamente necessidade do ar, da água, do sol... e do Cosmos inteiro.
"Não há uma estrela no céu que não seja necessária", diz o poeta. Não é apenas poesia. A tua Mãe-Terra é também a tua Mãe que te alimenta, como é para todos os teus irmãos, hoje, e até ao fim dos tempos.


(Michel Quoist in "Construir o homem")

sexta-feira, setembro 01, 2006

candeeiros de lava aquecida


Parece que eram muito populares nos anos sessenta. Eram candeeiros de alava aquecida, com um material gelatinoso no seu interior.
No fundo, as bolhas tomavam a forma de bolas grandes que, por força do calor, subiam e separavam-se em novas bolhas redondas e moles. À medida que subiam iam tomando forma e, chegadas ao cimo, voltavam a cair em cascata, formando bolhas ainda maiores, num vai-vém constante, para cima e para baixo.
É claro que tudo se passava sempre com o mesmo material gelatinoso. Aparentemente, as bolhas subiam, desapareciam e formavam bolhas novas e diferentes. Mas era um processo repetitivo, sempre com o mesmo material a formar-se e a renovar-se repetidamente.
Como um repucho no jardim, é sempre a mesma água.
Como a vida que se repete e cria novas formas, é sempre a mesma vida.

(Neale Walsch in CWG-3)