Lisboa,

sexta-feira, agosto 24, 2012

eu sou alma


Aquilo que nós, enquanto "seres humanos", sentimos no mundo material está relacionado com o nosso corpo, os nossos pensamentos e os nossos sentimentos, e com os nossos relacionamentos. Além destes pontos de apoio, o nosso intelecto produz uma sensação relativamente a quem ou o que somos.
Quanto mais tarefas forem cumpridas, menos dos velhos pontos de apoio encontra o nosso intelecto. Por isso, pode ser que surja frequentemente dentro de nós um medo da "dissolução". É um pouco como o medo de morrer, apesar de não haver nenhum perigo no ambiente que nos rodeia  que indicie que isso possa acontecer. Na realidade, nessa altura, o nosso intelecto está a aperceber-se de que aquilo  que ele conhece como o "eu" se dissolve. "Eu e os meus sentimentos. Eu e as minhas tarefas importantes. Eu e os meus amigos. Eu e os meus inimigos. Eu e os meus desejos. Eu e as minhas vivências. Eu e a luta no mundo..." Quando isso se perde, o intelecto sente cada vez mais o vazio ao pensar "Eu e os meus...".
O nosso novo sentido do eu será totalmente diferente. Nós somos alma. A alma não reflete sobre si própria. Por isso, nós também  iremos refletir cada vez menos sobre nós próprios. Para esse efeito, limitar-nos-emos a fazer aquilo que no momento surge dentro de nós como impulso. Independentemente daquilo  que os outros possam pensar disso e se isso é ou não lógico e razoável.

O que sou? - As fases do sentimento do eu decorrem mais ou menos da seguinte forma, no caminho para a liberdade:

- "Eu não sou os outros. Eu sou eu. E eu faço aquilo que me faz bem."
- "Eu não sou os meus pensamentos nem os meus sentimentos. Eu limito-me a observá-los. Mas então, o que sou?"
- "Eu sou alma. Eu faço cada vez mais apenas aquilo que a minha alma quer."
- "Eu sou alma e a alma é uma parte de Deus. Deus está dentro de mim. Eu faço aquilo que Deus quer. Faça-se a Sua vontade."
- "Eu sou alma e dentro de mim existe a Criação. Eu sou tudo. Eu faço aquilo que deve acontecer através de mim."
- "Eu sou tudo e ao mesmo tempo nem sequer existo. Eu não sou mesmo real."


(Ruediger Schache in O segredo de Deus)

 

sábado, agosto 18, 2012

perdas



Muito daquilo que é importante para mim e me dá prazer é-me constantemente retirado. Quase que já não me atrevo a desejar algo de bom, porque, ademais, isso também não fica junto de mim. Parece-me que estou a ser castigado.

Se estas palavras ou palavras semelhantes descreverem agora com precisão a nossa situação actual, isso não significa, de maneira nenhuma, que estejamos "a fazer algo de errado". Pelo contrário, no caminho de regresso da fonte para a alma (e, por conseguinte, de nós), vai-se perder cada vez mais daquilo que foi acumulado pelo mundo material e sensorial durante a longa viagem. Como seres humanos pensadores no mundo material , vivenciamos isso, então, como se tivéssemos sempre de largar algo, especialmente quando esse algo tem importância para nós. Vivenciamos a sensação de perda.
Talvez vivenciemos algumas perdas - particularmente, quando se trata de pessoas amadas, objectos bonitos ou circunstâncias de vida agradáveis - como sendo injustas ou como um castigo. Provavelmente, até nos alegremos com outras perdas, porque finalmente há algo que não nos fazia realmente felizes que se afasta da nossa vida. Por vezes, poderíamos acreditar que todos os presentes e perdas estão relacionados com um sistema de recompensa e de castigo.
Porém, não é de todo assim. Na realidade, aqui ninguém é castigado, mas a alma é libertada. Se, quando isso acontece, há uma situação desagradável que se liberta, ficamos contentes. Se há uma boa situação que nos abandona, talvez reclamemos. Porém, é só o intelecto que pensa assim, no seu mundo material de ganhos, posses e perdas. Mas Deus não castiga e Deus não recompensa. O Grande Consciente não avalia e não julga. O que quer que aconteça, tal significa apenas o seguinte: dá-se a Criação. O destino concretiza-se para que a alma possa ser livre.

(Ruediger Schache in O Segredo de Deus)

segunda-feira, agosto 13, 2012

a caminhada

Quando nos afligem os maus momentos é nossa tendência referir que faz tudo parte da nossa caminhada por esta vida.
A caminhada é o acto de caminhar,tão do jeito de urgir encontrar definições para todos os termos do vocabulário.
Sem caminhos não há cassesminhada possível. Caminhos, esses, nós temos às centenas, diante dos nossos impulsos, à mercê dos nossos anseios, abertos às nossas necessidades, aos nossos desejos, até aos nossos mais inesperados e loucos devaneios.
Quando, a um outro nível de consciência, "escolhemos" incarnar neste mundo físico, a missão que viemos cumprir veio acompanhada já de inúmeros caminhos, de muitas "personagens" que, mais tarde ou mais cedo, irão "aparecer" nesses muitos caminhos que são as opções tomadas em toda uma vida.
Por vezes, perguntamos porque razão nos relacionamos com A, tão diferente de nós ou que tanto nos maltrata, porque razão abandonamos um amigo, porque razão há pessoas que "entram" na nossa vida de formas tão inesperadas, tão improváveis, tão esquisitas à nossa compreensão.
Ao nível da alma, nada do que nos acontece é estranho. Ela "sabe" que tudo não passa do enredo duma peça que foi "imaginada" para que os diversos acontecimentos nos permitam experienciar as múltiplas facetas da vida. Uma alma evoluída acumulou informação, enriqueceu a sua pureza, conhece-se mais como sublime criadora.
Quando "sai" de Deus, qualquer alma tem o propósito divino de "ser Deus", de Se recriar, de disfrutar da Sua Criação. Quando "sai" de Deus, qualquer alma não deixa de ser Deus, apenas Se transforma em observadora daquilo que É, com o poder de vivenciar e experienciar as inúmeras e infinitas facetas da Criação.
Quando "sai" de Deus, qualquer alma não Se separa da Fonte, apenas se individualiza para Se observar e recriar. O mundo material e o mundo sensorial apenas são "aspectos" dum Deus que, um dia, Se quiz conhecer.
E outros mundos existirão para além destes, cada um com a sua função específica, mundos que os nossos sentidos não apreendem porque a vibração das suas energias é demasiado elevada para que possam ser detectados.Só quando "lembramos" e compreendemos tudo isto, é que nos regozijamnos com as múltiplas alegrias e tristezas por que passamos, com a multiplicidade de emoções que vivemos, com a tal quantidade de pessoas que passam pela nossa vida.
Por vezes encontramos alguém que apenas nos dirige uma palavra. E ficamos a pensar porquê...
Mais tarde encontramos outro alguém que interfere na nossa vida e nos persegue dezenas de anos.
Outras pessoas, outros familiares, outros amigos partilham connosco milhares de momentos, todos diferentes, todos carregados de sensações, de sentimentos.
Não será por acaso que tudo isto acontece.


Todas estas pessoas são almas que se dispuseram a "entrar no jogo", para que a nossa evolução possa progredir, para que a evolução delas mesmas atinja também outro patamar. Afinal, todos somos uma parte de Deus a evoluir na escala da Criação Divina.

terça-feira, agosto 07, 2012

o caminho da alma


Assim, a primeira "perspectiva da vida" surge através dos primeiros anos de vida de uma primeira existência humana. O ser humano nascido pela primeira vez preferiria naturalmente seguir apenas a intenção de vida da sua alma - o dharma. Contudo, na prática, reage e actua automaticamente de acordo com aquilo que lhe foi incutido pelos seus pais nos primeiros cinco anos de vida.
É precisamente desta forma que os sentimentos e os pensamentos entram pela primeira vez em conflito interior. O caminho do coração, ou seja, da alma, e o caminho do "ego", ou seja, da personalidade pensante, afastam-se.
Com o seu padrão aprendido de reacção e de actuação, o Homem constrói na sua primeira vida relacionamentos com outros e com as suas almas. Algumas dessas pessoas fazem parte da sua família de almas e irão acompanhá-lo constantemente ao longo de todas as incarnações. Deste modo, é criada uma rede de almas relacionadas umas com as outras. Alguns destes relacionamentos estão em desequilíbrio, porque as almas - distribuídas por muitas vidas - se encontram no meio do jogo de acção e reacção.
Imaginemos que tinhamos pedido uma grande quantidade de dinheiro emprestada a alguém e não conseguíamos restituí-la. Em suma, éramos o "tomador". Como é que nos sentíamos como receptor? Somos livres? Podemos convencer-nos a nós próprios de que estamos despreocupados? Podemos libertar-nos através da meditação? Ou deixando subitamente de gostar do outro? Poderíamos morrer convencendo-nos em pensamentos de que "tudo na minha vida está em ordem"?
Se o valor tomado de empréstimo for suficientemente elevado, nem sequer ficaríamos realmente desonerados se o credor dissesse: "Não faz mal, eu perdoo -te a dívida." Talvez no caso de pequenos montantes isso talvez ainda passasse como um presente, mas não no caso de um grande valor. Continuaríamos a ter a sensação de que tínhamos de ressarcir o outro de algo. Seríamos "seus devedores". Só nos conseguiríamos realmente liberar disso, se pagássemos as dívidas. Quer fosse através da restituição do dinheiro, ou "devolvendo" algo do mesmo valor, ou realizando prestações sob a forma de actos. O que quer que fosse aceite pelo credor como equivalente. Ou teríamos a sensação de que devíamos fazer algo de bom para a comunidade com uma parte do dinheiro, para nos voltarmos a sentir bem.

(Ruediger Schache in O segredo de Deus)