Lisboa,

quinta-feira, dezembro 31, 2009

cinco anos


Um blogue com 5 anos!
Já vai distante o Janeiro do ano de 2005. Nessa altura, aqueles primeiros textos tinham dentro de si a simplicidade do que acontecia no dia-a-dia. Escrevia o que acontecia, o que sentia, o que fazia brilhar o Sol.
Nessa altura, tinha um companheiro doente.
Talvez tenha sido um diálogo silencioso, um monólogo necessário e valioso.
Depois...
Foi o continuar.
Foi um rio a deslizar rapidamente para o mar que o esperava... Foi o vento que deu vida àquele moinho que falava a nossa linguagem de garotos...

quarta-feira, dezembro 30, 2009

estavas destinado


Tudo Isto:
é uma preparação para caminhar no mundo
como Luz.
Foste agora encontrado,
e o curso de muitas vidas
terminou.
Assim, à medida que cada camada de pó
é limpa
da superfície,
o Tu
que conheceste
deve dispersar.

Deixa esta Luz tornar-se
o Teu discurso e o Teu silêncio.
Deixa a tristeza
que te viveu,
passar.
Deixa as pessoas
que Te amam,
amarem-se a Si próprias.
Deixa a terra tremer,
arderem as estrelas
romperem-se os céus
quando Tu o fizeres.

Por mais dolorosa que seja esta parte,
Estavas destinado a conhecer a tua Luz.


(Em Claire, 2007)

terça-feira, dezembro 29, 2009

conhece o teu eu como luz


Conhece o Teu Eu como Luz
Maior ainda do que o Ar.
Maior ainda do que o Todo.
Ainda mais silencioso que o Silêncio que o envolve.

Conhece o Teu Eu como Envolvido.
Mais suave ainda do que antes;
Mais profundo ainda do que qualquer Escuridão.
Quando o Corpo de Luz de Ti
respira sem limites
não conhece sequer o conceito
ou quaisquer limites de todo.
Quando Conheces o Teu Eu
apenas como Luz
que chama o Mistério
para Te atravessar
delicado, inocente instrumento
da longa
longa eternidade da canção,
então,
conhece o Teu Eu como
o maior Riso da Vida;
o maior Amante da Vida,
chamando o Mistério

aproxima-te...



(Em Claire, 2006)

segunda-feira, dezembro 28, 2009

filhos da luz


Somos Filhos da Luz.
Graça Dourada.
Asas, destinadas a Voar.
Somos delicados e impregnados
de bondade.
Somos feitos de um silêncio tal
que todo o Universo
nos consegue ouvir.

Existe apenas a revelação, a abertura
que acontece constantemente.
Tudo o mais são pensamentos -
rebuçados para a mente.
Nós, somos Filhos da Luz
desfilando
como Humanidade.

(Em Claire- 2007)

sábado, dezembro 26, 2009

dez minutos de catequese


- Não vejo vocês nada interessados, meninos! Tá tudo distraído e a pensar em sair daqui. Ninguém quer saber Quem é Deus?... Vamos então brincar um jogo... Bia, vais imaginar uma bola.
- Uma bola de futebol?
- Não, Gui. Imaginem somente uma bola. Uma bola enorme. Uma bola tão grande que poderia ter tudo lá dentro.
- Como o céu?
- Uma coisa diferente. Supõe que tu mesmo estás dentro dessa bola. Isso! Estás lá dentro, como se fosses o centro dela e onde pudesses "andar" e não conseguisses chegar ao fim.
- E lá dentro há casas e estradas?
- Não, imagina apenas que estás dentro dessa bola e à tua volta há só uma luz. Uma luz brilhante que te envolve, tão bonita e tão doce que apetece brincar com ela, agarrá-la e até comê-la...
- Comer a luz?
- Tens de supor que é a coisa mais bela e preciosa que possas imaginar...
- E lá dentro não há mais nada?
- Por agora, não. Apenas luz. Consegues vê-la? É como se tu fosses essa luz...
- Só luz?... Nem um brinquedo?
- Vais esquecer esses brinquedos que conheces e vais imaginar somente essa bola. Estás lá dentro, e o teu corpo é essa luz, olhas para a direita e para a esquerda, como se estivesses a flutuar, e só tens essa luz que parece não ter fim... Mas é a tal luz doce e quente que te faz bem e te deixa tão contente, que não precisas de mais nada...
- Estou lá dentro da bola, só com luz à minha volta?
- Sim, sentes a luz, vês a luz mesmo de olhos fechados, caminhas na luz, rebolas e saltas dentro da luz, brincas com a luz...
- E não está lá mais ninguém?
- Mais ninguém, por enquanto. Tens os olhos fechados, Bia? Sentes-te bem, nessa luz?
- Sim.
- E tu, Gui, também te sentes bem?... Ok. Vamos pensar que vocês são Deus! Dentro dessa luz, vocês são essa luz e são capazes de andar, de voar, de brincar, de terem tudo o que quiserem... porque sabem tudo e não precisam de aprender nada.
- Se eu quiser, posso ter uma moto?
- Podes, sim, podes tudo o que desejares, porque és Deus e Deus tudo pode e tudo faz!
- Então, eu quero ser Deus!
- Já és!... Agora, repara: Com o poder que tinha, Deus decidiu "ter" muitas coisas. Então, pegou num bocadinho de luz do seu corpo e soprou, partindo-o em mil pedaços. Dentro daquela bola de luz, apareceram montes de luzinhas presas umas às outras, a girarem, a brincarem, a brilharem umas para as outras.
- Essas luzinhas todas, posso tocar nelas?
- Podes! Toca numa delas. É como se tocasses no teu dedo. Toca outra. É o teu nariz. Tocas em cada uma delas e sentes, como se estivesses a tocar na tua barriga ou na tua cara.
- E quem sou eu?
- És Deus, já te disse! Tu és essa bola, que fizeste girar e que nunca mais pára.
- Eu quero montar um cavalinho.
- E vais montá-lo, Gui. Estás a imaginar todas essas luzinhas, dentro dessa bola de luz, a cintilar e a brilhar?... São as estrelas e os planetas, são os milhões de astros que abundam o universo, tudo o que se vê e não se vê... Isso tudo é o Corpo de Deus.
- E o que está fora da bola?
- Nada, Bia. Não há nada fora da bola. Tudo o que existe está na bola. Só existe a bola. Dentro da bola, está tudo! Estão todos os astros do céu... e está muito mais!
- Faltam os animais e as plantas.
- Bem observado, Bia. Faltava isso tudo, mas Deus quis também isso e criou essas coisas todas! Tirou um bocadinho do Seu corpo de luz e fez da mesma forma. Criou as plantas e os peixes e os animais e as pessoas, duma forma tão variada que eram milhões e milhões...
- E couberam todos na bola?
- É verdade, Gui. Couberam todos. Sabes porquê? Porque eram bocadinhos da mesma bola e todos estavam juntinhos e presos uns aos outros, e a bola não precisou de ser maior.
- Era uma grande bola...
- Pois é. É uma grande bola. Tão grande que não se vê nem o princípio nem o fim.
- E a bola não cai?
- Não cai, porque não tem onde cair. Só existe uma bola e dentro da bola está Tudo.
- Eu estou dentro da bola?
- Estás lá, sim.
- E a Bia, também? E a mãe e o pai?
- Todos estão lá dentro.
- Tu, Gui, és uma dessas luzinhas. O pai, a mãe, os teus amigos, o cavalo que montas, a água que bebes, as árvores do jardim, isso tudo são as outras luzinhas. E todas estão presas umas às outras. E todas estão presas à bola, todas fazem parte da bola. Quando tocas uma delas, sentes que estás a tocar em ti. Se fizeres mal a uma delas estás a fazer mal a ti, porque estás ligado a ela e ela é um bocado de ti, também.
- E o mar e as montanhas?
- São também luzinhas de luz que Deus separou do Seu corpo, para Se contemplar, como se fosse um espelho.
- Deus é isso tudo?
- Sim, Deus é Isso Tudo!... Outro dia conto-vos mais.
- Ainda há mais?
- Ainda agora começámos. Isto foi só o princípio...

quinta-feira, dezembro 24, 2009

natal todos os dias

O Natal de todos os dias
é o meu Natal.
Não me revejo em promessas
nem assisto a rituais
não vou à mesa do rei
de que falam os missais

O meu Natal é o mesmo
que esvoaça das gaivotas
é o ruído do vento
que espreita pelas portas

O meu Natal é aquele
que é de todos os dias
não é menos nem é mais
do que sonhos e magias

(Amaral Nascimento)

terça-feira, dezembro 22, 2009

Natal


Sabemos que nesta altura do ano todos estamos mais sensíveis a tudo o que nos rodeia.
Que esta quadra do Natal seja um período de Paz, Alegria e Esperança.
Que acabem as guerras, a confusão e a desarmonia.
Que Deus nos ilumine na tarefa que viemos cumprir nesta vida.
Que o Universo esteja mais aberto à nossa compreensão.
Que saibamos manifestar nesta realidade um pouco daquilo que somos.
Que, ao partirmos, estejamos conscientes e atentos à mudança que nos espera.
E, finalmente, que encontremos facilmente a Luz e Ela nos acolha com doçura e amor.

sábado, dezembro 19, 2009

coisas simples

Vamos falar de coisas simples
daquelas que o Sol nos traz
que nos diz o respirar
o som que sai do vento
quando a porta
o faz entrar

Falar de coisas simples
já sou só eu a falar
tu tens a fúria da vida
são os filhos e o trabalho
que te fazem correr e nos ver
de fugida

Mas vou seguindo os teus passos
vou dando a mão aos garotos
vou sustendo a nostalgia
a lembrança que sai do peito
e a alegria que é sempre
viver um dia

O amanhã é outra vez
tal como agora já foi
é o som da natureza
é o amor e aquele abraço
que de vez vai abanando
a tristeza


(Amaral Nascimento)

quarta-feira, dezembro 16, 2009

amor e violência



Vivemos num mundo onde nos escondemos para fazer amor...

..contudo a violência, pratica-se
em plena luz do dia.



(John Lennon)


segunda-feira, dezembro 14, 2009

mais longe de ti


Hoje, o mar estava mais além.
Mais longe dos meus passos, mais perto dos surfistas que pulavam nas ondas.
Regada de frio picante, a água rolava em surdina, indo e vindo, num chilrear aguçado.
Continuava morno o silêncio, riscado de azul escuro, serpenteado de avenidas reluzentes, borbulhado de mil círculos esbranquiçados.
É da maresia o cheiro, mas até essse já se esquiva, de tão longínquo e estranho.
Brilha o sol em tons ligeiros, até que o horizonte o pegue e o envolva nas suas vestes.
Aqui e ali são os salpicos que chegam. Chegam bandos soltos de gaivotas delirantes, chega a surdina, o apagar vagaroso de montes de espuma.
Hoje, pareceste mais longe, com o olhar mais triste...


domingo, dezembro 13, 2009

aquela paz


Quando as trevas
gritaram de dor
naquela noite
cheia de luz
o riacho gemeu
deixando nos ares
a esperança e o sonho
das margens
quentes e doces
que tudo seduz

Foi nessas margens
que te acolhi

Foi com o seu cantar
que os meus silêncios
suplicaram
aquela luz branca
que eu sabia
me iria cegar para este mundo

Só então
poderia respirar a paz
aquela
que havia procurado
em tantos dias
e tantas noites



(Amaral Nascimento)

sexta-feira, dezembro 11, 2009

caía a noite


Estava assim há bocado.
O azul quase desapareceu por detrás das núvens espessas mas, ainda assim, fez do céu um espectáculo para os sentidos.
Não durou muito tempo, porque a escuridão da noite cedo se encarregou de transformar tudo num instante, mas foram os minutos suficientes para me contarem histórias e recordações.
É da janela que mais frequentemente nos damos conta das autênticas obras de arte que o céu nos oferece à vista. Porque nem toda a gente tem a sorte de viver numa aldeia ou vila do interior, com a natureza aos seus pés e o céu descoberto e liberto dos grandes edifícios que nos fazem esquecer de olhar para cima.
Não sei porquê, veio ao meu pensamento aquela "Janela indiscreta", de Alfred Hitchcock...

quinta-feira, dezembro 10, 2009

the angels feather

Esta pérola, que o YouTube tem ao dispôr de quem a quiser apreciar, é a minha prenda de Natal para alguém que uma vez encontrei no Forum de Almada e que faz o favor de ainda se lembrar de mim...
Para ti, de cujo olhar ainda me recordo, passados que são já alguns anos e apenas te tenha visto por uns minutos.
Porque sei que te vais deliciar, assim como eu me deliciei ao absorver este momento.


terça-feira, dezembro 08, 2009

CWG-The Movie


Disponível em vídeo, para os apreciadores do cinema espiritual, este trailler pode ser visto no YouTube... Não dá para muito mas, ainda assim, aguça a curiosidade.

quarta-feira, dezembro 02, 2009

não vi(s)eu


Ontem acabei por não ir a Viseu...
A chuva pregou-me uma partida, Coimbra estava coberta de nuvens densas e, bem vistas as coisas, acabei por acertar ao rumar a Sul e encantar-me com os presépios de Óbidos.
O feriado trouxe muita gente à Vila Natal e até os restaurantes (repletos) só serviam com marcações... Óbidos está cheia de vida e ideias surpreendentes para miúdos e graúdos...
Não vi(s)eu... nem sei o que poderia proporcionar-me um feriado nesta cidade do centro do País... mas noutra oportunidade lá irei.
O Buçaco continua cheio de beleza e verdura e toda a região envolvente tem um calor renovado em cada visita que se faça.
Uma escapadela plena, que deu pra ver Pombal e o Luso e Buçaco, comer na Mealhada, rever Coimbra e Óbidos, dar um pulo à Cruz Alta e aspirar os ares da Serra.
A ideia era ter ido passar o último dia a Viseu. Oportunidades não faltarão!...