A beleza da lição (L188) reside no facto de nos dar um vislumbre, entre muitos outros no UCEM, do que é realmente a verdade: a luz que a todos abraça como um, já que a separação é uma ilusão. O que ainda vemos são projecções fragmentadas do único Filho de Deus. A forma de aprender que a separação nunca ocorreu é perceber, acima de tudo, que não há interesses separados. De facto, a ideia essencial nos nossos relacionamentos, em tudo na vida, é aprender a ser altruísta, desinteressado, não de forma que exija sacrifício, não de modo a que tenhamos que dar algo, mas generoso no entendimento que queremos que o eu único, individual, especial, seja suplantado. Se sentirmos sacrifício envolvido, então estamos no caminho espiritual errado e não aprenderemos nada.
Sabemos que a paz de Deus brilha em nós, quando somos capazes de olhar os outros e não tomar partidos, quando já não vemos vencedores e vencidos, vítimas e opressores, bons e maus. Ao aceitares esta paz interior, deixa de existir o eu que dá, o eu desaparece e a paz flui através de ti. Sem esforço envolvido; a dificuldade só resulta do nosso medo da verdade e da nossa necessidade de perpetuar este eu. A verdade é não dualista.
“Senta-te quieto e fecha os olhos. A luz dentro de ti é suficiente. Só ela tem o poder de te dar a dádiva da vista. Exclui o mundo exterior e deixa que os teus pensamentos voem para a paz interna. Eles conhecem o caminho. Pois pensamentos honestos, intocados pelo sonho das coisas do mundo exterior a ti, tornam-se os santos mensageiros do próprio Deus.” (L188. 6:1-6)
Não necessitamos de fazer nada, só precisamos de ficar quietos e ao estarmos nas nossas mentes-correctas os nossos pensamentos estarão automaticamente alinhados.
Uma das formas de atingir essa quietude é prestando atenção a todo o ruído e tagarelice na nossa mente, o “trovão daquilo que não tem significado” (Lição 106. 2:1). A ideia não é debater-se ou lutar contra o ruído, ou mesmo desligá-lo, mas recuar e calmamente observar essa tagarelice e dizer “ ora, aí estou eu a fazer uma grande algazarra outra vez. Ora, aí estou eu a arranjar culpa, a inventar histórias, a maquinar vingança e a fazer todo o tipo de julgamentos. Obviamente, é porque tenho medo da quietude; tenho medo da luz”.
Na quietude da luz, a nossa existência individual não consegue sustentar-se, pelo que erguemos um véu sobre a Unidade e a luz universal usando a fragmentação, separação, julgamento e ataque.
Reflectimos a Unidade ao ver que todos partilhamos o mesmo propósito e a mesma necessidade de acordar do sonho da separação. A visão surgirá sempre que escolhermos ser esse único Filho e esse único universo; nesse instante santo o mundo desaparece, no conhecimento; nesse estado de espírito, conhecido no UCEM como mundo real, olhamos para o mundo e, apesar de vermos o que os olhos de todos vêem, sabemos que o véu da separação não tem o poder de esconder a verdade dessa visão interna: que todos somos de facto um.
(Um curso em milagres)