Lisboa,

quinta-feira, julho 30, 2009

sopravam ondas nos céus

Se o querer me faz querer-te
num teu beijo tão sublime
e se o medo já se perde
numa só quadra que rime

Se o respirar da tua pele
nos dá o ar que nos guia
e se a vontade do desejo
mais do que um sonho é magia

Se o amor não tem idades
quando a paixão é carinho
e se te entregas por inteiro
dentro de mim tão sozinho

Se em nós dois o tempo pára
e nos olha em sonho a cores
e se um punhal rasgasse o céu
e nos trouxesse em mil andores

Então a roda da vida
rodava tudo de vez
trazia a morte rendida
a tudo o que Deus fez
sopravam ondas nos céus
cantavam anjos no mar
soprava um som na voz de Deus
convidando-nos a amar

(Amaral Nascimento)



terça-feira, julho 28, 2009

quatro letrinhas

Vou juntar duas letrinhas
quatro letrinhas somente
tomara que desse nelas
a brisa que fizesse elas
criar um mundo diferente

Deus, Vida, Tudo confere
em quatro letras coladas
tão pequenas que não ligamos
tão apressados que estamos
em constantes caminhadas

Vou revelar-te um segredo
daqueles que tu entendes
dizem que Ele está Além
e tu aqui sem vintém
separados por mil duendes

Não acredites em tal coisa
um dia vais perceber
eu, Ele e tu somos um
contendo tudo em comum
somos o Todo a viver

Deus, a Vida e o Todo
as quatro letras juntinhas
um universo a rodar
um processo a recriar
é aqui que tu caminhas

segunda-feira, julho 27, 2009

domingo de manhã

Liguei a TV no domingo de manhã e, enquanto comia o pequeno almoço, ouvia um sacerdote na missa dominical.
Ouvi-o falar das gentes que passam fome e da insensibilidade dos nossos governos para atender aos mais necessitados, da distribuição alimentar que é ineficaz, do facto de só a produção agrícola francesa poder ser suficiente para alimentar a UE... e eu estava a concordar plenamente com o que ouvia...
Depois... falou do alimento de Deus, de como o ser humano precisa de Deus, da fé que não pode faltar...
... e que Deus voltaria para julgar os vivos e os mortos, que somos pecadores logo ao nascimento, que o baptismo é preciso para a remissão dos pecados... e...
... e o meu "eu" começou a distanciar-se, a caminhar para prados diferentes, como se aquele "alimento" não estivesse a "matar-me a fome"...
Porque será que se continua a meter na cabeça das pessoas semelhantes ideias, sempre com a afirmação de que estamos separados de Deus, de que Ele está além, Jesus está à direita do Pai... e nós (desgraçados) estamos aqui, neste mundo distante, fazendo não se sabe o quê, sempre a pecar contra Deus em cada acto que praticamos, implorando a cada minuto o Seu perdão?...
... Automaticamente, desliguei a televisão!...


domingo, julho 26, 2009

o índio

"Quando alguém se cruza no nosso caminho, traz sempre uma mensagem para nós. Encontros fortuitos são coisa que não existe. Mas o modo como respondemos a esses encontros determina se estamos à altura de recebermos a mensagem. Se temos uma conversa com alguém que se cruza no nosso caminho e não captamos nenhuma mensagem relativa às nossas perguntas actuais, isso não quer dizer que não exista mensagem, mas sim que, por uma razão qualquer, não a conseguimos captar."

(Extracto de A Profecia Celestina de James Redfield)

Há cerca de três/quatro anos, encontrei num Hipermercado um companheiro da tropa que não via desde então. Chamávamos-lhe "o índio" e, quando nos reconhecemos (completamente diferentes fisicamente), agarrámo-nos num abraço daqueles que só acontecem uma vez. Falámos do presente, dos filhos e de, qualquer outro dia, termos de encontrar-nos de novo.
"O índio" nem sequer fora, na época, um dos amigos especiais...
Mas o reencontro emocionou-nos!
Até hoje, tenho buscado a "mensagem" que devia ter captado, o porquê daquele reencontro, o seu significado... mas, digno de nota, ainda não encontrei nada!...


sexta-feira, julho 24, 2009

terra que fascina

Há vídeos que nos vislumbram! São trabalhos cuidados que muita gente executa com o simples propósito de partilhar e passar a sua mensagem.
Dos muitos que circulam pela Net, muitos são os que merecem uma atenção especial e uma reflexão indispensável, acreditando que foram criados para sensibilizarem todos os que tiverem a oportunidade de os apreciar...
Um meu amigo chamou a este "O terceiro calhau a contar vindo do Sol"...

quinta-feira, julho 23, 2009

uma das lições

A beleza da lição (L188) reside no facto de nos dar um vislumbre, entre muitos outros no UCEM, do que é realmente a verdade: a luz que a todos abraça como um, já que a separação é uma ilusão. O que ainda vemos são projecções fragmentadas do único Filho de Deus. A forma de aprender que a separação nunca ocorreu é perceber, acima de tudo, que não há interesses separados. De facto, a ideia essencial nos nossos relacionamentos, em tudo na vida, é aprender a ser altruísta, desinteressado, não de forma que exija sacrifício, não de modo a que tenhamos que dar algo, mas generoso no entendimento que queremos que o eu único, individual, especial, seja suplantado. Se sentirmos sacrifício envolvido, então estamos no caminho espiritual errado e não aprenderemos nada.

Sabemos que a paz de Deus brilha em nós, quando somos capazes de olhar os outros e não tomar partidos, quando já não vemos vencedores e vencidos, vítimas e opressores, bons e maus. Ao aceitares esta paz interior, deixa de existir o eu que dá, o eu desaparece e a paz flui através de ti. Sem esforço envolvido; a dificuldade só resulta do nosso medo da verdade e da nossa necessidade de perpetuar este eu. A verdade é não dualista.

“Senta-te quieto e fecha os olhos. A luz dentro de ti é suficiente. Só ela tem o poder de te dar a dádiva da vista. Exclui o mundo exterior e deixa que os teus pensamentos voem para a paz interna. Eles conhecem o caminho. Pois pensamentos honestos, intocados pelo sonho das coisas do mundo exterior a ti, tornam-se os santos mensageiros do próprio Deus.” (L188. 6:1-6)

Não necessitamos de fazer nada, só precisamos de ficar quietos e ao estarmos nas nossas mentes-correctas os nossos pensamentos estarão automaticamente alinhados.

Uma das formas de atingir essa quietude é prestando atenção a todo o ruído e tagarelice na nossa mente, o “trovão daquilo que não tem significado” (Lição 106. 2:1). A ideia não é debater-se ou lutar contra o ruído, ou mesmo desligá-lo, mas recuar e calmamente observar essa tagarelice e dizer “ ora, aí estou eu a fazer uma grande algazarra outra vez. Ora, aí estou eu a arranjar culpa, a inventar histórias, a maquinar vingança e a fazer todo o tipo de julgamentos. Obviamente, é porque tenho medo da quietude; tenho medo da luz”.

Na quietude da luz, a nossa existência individual não consegue sustentar-se, pelo que erguemos um véu sobre a Unidade e a luz universal usando a fragmentação, separação, julgamento e ataque.

Reflectimos a Unidade ao ver que todos partilhamos o mesmo propósito e a mesma necessidade de acordar do sonho da separação. A visão surgirá sempre que escolhermos ser esse único Filho e esse único universo; nesse instante santo o mundo desaparece, no conhecimento; nesse estado de espírito, conhecido no UCEM como mundo real, olhamos para o mundo e, apesar de vermos o que os olhos de todos vêem, sabemos que o véu da separação não tem o poder de esconder a verdade dessa visão interna: que todos somos de facto um.

(Um curso em milagres)

quarta-feira, julho 22, 2009

onde fica o mar do céu


No silêncio que todos bebem
vou beber o teu sabor
vou saber se o sol já brilha
nessa alegria de cor
E se a noite se fizer dia
se a lua encher teu rosto
já nada será mais belo
que as cores do teu sol-posto
Peço às estrelas um trilho
peço a Deus a luz de Si
já pouco ou nada m'importa
senão o trilho até ti
Onde fica a tua voz
onde fica o mar do céu
será a vida dum sonho
mais feliz que um sonho teu?...


(Amaral Nascimento)


terça-feira, julho 21, 2009

o que te falta


Só não sabes
porque não queres
só não sabes
porque te prendes
só não sabes
porque preferes
dizer à verdade
que não entendes

Nada te falta
porque já és
nada te falta
porque sorris
nada te falta
porque a teus pés
tens a fortuna
de ser feliz


(Amaral Nascimento)



segunda-feira, julho 20, 2009

o som da vida a cantar


Vi no teu rosto o olhar
do tamanho dum céu gigante
escutei a voz do teu sonho
vinda dum mundo distante

Menina doce que ri
mulher quente que ama
é num beijo que escreves
o sonho que o amor proclama

Vi o teu mundo com cores
não era frio nem cinzento
era um lugar escutado
por gente que te dá alento

Em silêncio em pensamento
motivado por versos soltos
vai sorrindo o dia-a-dia
em sentimentos revoltos

Um dia terás escutado
o som da vida a cantar
tens a riqueza que cura
o sonho que tás a sonhar

(Amaral Nascimento)

sábado, julho 18, 2009

quando chegar a hora



As experiências de quase-morte vividas por muitas pessoas que sofreram acidentes ou ataques cardíacos têm vindo a confirmar-nos que a primeira fase por que passamos, quando deixamos este mundo físico, é sentirmos que já não estamos neste corpo que transportamos...
Vai ser uma experiência ímpar, "olhar" o meu velho corpo e sentir e tomar consciência de que já não estou a carregá-lo, que estou "livre", que posso "partir" para outras "aventuras", que posso "visitar" outros sítios, que posso buscar a "Luz", ir ao seu encontro e continuar... continuar noutra dimensão da Vida, a uma vibração diferente que me permitirá "sentir", "falar", "ver" Aquilo que Deus É, a um outro nível de consciência.
Quando chegar a minha hora, quero estar completamente atento e disfrutar dessa experiência extraordinária, sabendo que vou ter uma liberdade nova, vou continuar a escolher o que quero fazer, vou continuar a possuir o meu livre-arbítrio para continuar a caminhada da minha evolução.


Quando eu fizer a viagem
Quero tar de olho aberto
pra ver a forma divina
sorrir pra mim de tão perto


Quando chegar a minha hora, quero estar sereno, sem medo e confiante.
Só assim poderei sorrir, disfrutar do momento, saudar quem fica chorando e, com um aceno de adeus, partir rapidamente ao encontro do que está "para lá"...



quarta-feira, julho 15, 2009

dói


Dói o soluço que sinto
num trilho que vou esquecer
dói a força que já fraqueja
a luz que faz que já não veja
a menina sempre mulher

No silêncio que vou bebendo
no sonho louco e encantado
dói o amor que fui perdendo
a solidão que ainda vou lendo
num verso que me foi dado

Foi a esperança que se quebrou
as palavras que não vieram
foi a vontade que perdi
no poema que não li
e as frias marés trouxeram

Um dia estarei sereno
quando o soluço findar
não digo adeus à ternura
nem esquecerei a doçura
que é teu sorriso beijar

(Amaral Nascimento)

sábado, julho 11, 2009

aos dois

O mais importante
é o momento
feito felicidade
partilhada e distribuída...
E quando do momento
se fazem mil,
a felicidade toma outro sentido,
cria-se e recria-se,
e faz da história
apenas uma referência
para o presente.

O presente
e o momento...


de mãos dadas
na confiança,
na alegria,
no amor,
na aceitação...
no juntar
dos bocadinhos felizes
que são o engenho
da felicidade.

Para além das confusões
e dos conflitos
e das balizas herdadas
e verdades melindradas,
há sempre
para lembrar
este momento sublime:

o da certeza que é dos dois,
o do sorriso que está no meio,
o do prazer que é caminhar,
e o bem caminhar sem receio...


quinta-feira, julho 09, 2009

o paradoxo


Hoje em dia, quando nos apaixonamos por alguém, é muito romântico dizer que, a partir do momento em que a pessoa amada entra nas nossas vidas, nós sentimo-nos completos.

Ora, a finalidade da relação não é termos uma outra pessoa para nos completarmos, mas sim termos uma pessoa que partilhe connosco a nossa natureza de sermos completos.

Nesta dualidade, encontra-se o paradoxo de todos os relacionamentos humanos:
Você não tem necessidade de ninguém em particular para que se possa experienciar, integralmente, naquilo que você é,
e ....
Sem essa pessoa, você não é nada.

Este é, ao mesmo tempo, o mistério e a maravilha, a frustração e a alegria da experiência humana.
De cada homem, de cada mulher, exige-se uma profunda compreensão e total disponibilidade para viver dentro deste paradoxo, de uma forma que faça sentido.

Os muitos e complexos problemas sociais das sociedades actuais não ajudam a aprofundar esta compreensão, mas é nos momentos difíceis que o ser humano se transcende.
E é nessas alturas que a realidade e o sonho se confundem, trazendo à superfície a força interior que andava adormecida - trazer para a superfície a consciência da grandeza que é partilhar a plenitude da experiência humana.

terça-feira, julho 07, 2009

portal

Lembro o teu rosto
por detrás do balcão que
fisicamente
nos separava...
Ficou-me o teu sorriso,
a tua segurança,
a confiança do teu querer...
As tuas palavras eram firmes
como firme o teu olhar;
e o teu jeito de menina simples
encheu o meu lugar.

Lembro...
porque a forma de lembrar
tem o condão de fortalecer
certa maneira de ser...
Guardei aquele sorriso
no fundo do meu cabaz...
É com ele que vou olhar
aquilo que falta olhar,
pois já não olho pró lado
e muito menos pra trás...

domingo, julho 05, 2009

abraça Deus


Abraça Deus. Aproxima-te de Deus.
Agora sabes.
Agora conheces uma excelente maneira de o fazeres.
Estando com o silêncio, estando contigo próprio, durante uns breves momentos de ouro todos os dias.
Desta forma começarás a aproximar-te de Mim.
Quando estás contigo próprio - com o teu verdadeiro ser -, estás Comigo, pois Eu e tu somos Um.

(Neale Donald Walsch in Amizade com Deus)

sexta-feira, julho 03, 2009

a nossa história

Seremos nós a nossa "história'?
Aquilo Que Somos resumir-se-à apenas às histórias da nossa vida?

A maioria de nós tem uma história sobre como chegámos à idade que temos, sobre aquilo que é sermos "nós mesmos", e sobre por que razão às vezes é tão difícil caminharmos no dia-a-dia.
Cada dia que passa, as nossas experiências acumulam-se num rol de histórias contadas por nós próprios, pelos amigos, pelos familiares... por gente que nem sequer nos conhece, por vezes...
Quando chegamos a casa, depois dum dia de trabalho, a mulher pergunta-nos: "Como correu o teu dia?"
Quando o filho chega da escola, os pais perguntam: "Que aprendeste hoje?"
Quando encontramos um amigo, perguntamos: "Novidades?"
Quando desabafamos com alguém, é frequente ouvirmos: "Que história é essa?... Que loucura essa que te aconteceu... Que história mais esquisita... Que história encantadora te sucedeu..."

Seremos nós a nossa "história"?
Seremos nós, neste momento, os acontecimentos passados que nos afectaram física e emocionalmente?
Aquilo Que Somos resumir-se-à apenas às múltiplas histórias da nossa vida?
Ou estaremos nós aprisionados à nossa "história", de tal forma que não conseguimos apercebermo-nos de Quem Somos?
Quantas vezes já sucedeu termos "saído da nossa "história", quando experienciamos a vida?!...

E se pudessemos, um dia, criar uma imagem 'de nós' daquela tal maneira que tanto desejavamos ser - uma versão de nós, criada da maneira como sentimos que poderia ser a mais elevada e magnífica que alguma vez tivessemos imaginado?

Se saíssemos um dia "da nossa história", seria possível tal coisa?...
Que sentimentos isso provocaria?...


quarta-feira, julho 01, 2009

com cores reais


Cansaço esbatido
cruzado no ar
tisnado de cinza
luzindo ao luar
fiz dele cruzada
deitado nos céus
um manto de brilhos
verdade sem véus
jogado na fonte
refeito no fundo
grudado na sina
da tela oriundo
fiz juz da verdade
com cores reais
dei voltas ao norte
ao sul muitas mais
reflexos do sol
candeeiros de luz
espasmos de amor
que à lua seduz
contando às estrelas
fiz o longe mais perto
espraiei o desejo
pra lá do deserto
o conto de fadas
ficou plo caminho
o livro da vida
vou lê-lo sozinho
sentado no brilho
num som escorreito
pra lá do olhar
bem dentro do peito
jorrou a justiça
quebrou-se o feitiço
nasceu outro dia
sem mais reboliço
e cantaram as almas
murcharam as dores
nasceram sorrisos
pra mais criadores

(Amaral Nascimento)